Benção e sal grosso são mais que necessários

Uma chata, carregada com 10 mil litros de óleo diesel anticongelante afunda no final de dezembro quando era rebocada do navio polar Alte. Maximiano para a Estação Antártica Comandante Ferraz, na Baia do Almirantado, na Antártica. No dia 22 de fevereiro, um incêndio em um equipamento de ventilação na entrada de um alojamento de marinheiros no porta-aviões São Paulo terminou com a morte de um dos quatro praças que dormia a bordo. Finalmente hoje, 25 de fevereiro, uma explosão seguida por incêndio praticamente destruiu a estação polar brasileira, causando a morte de um suboficial e um sargento que estavam à quase um ano na base polar.

O que, no começo, parecia ser o problema maior, o naufrágio da balsa cheia de óleo diesel em plena Antártica, depois do desastre de hoje em Ferraz, virou apenas uma questão de tempo para que dois navios de resgate, o Felinto Perry, da Marinha, especialista no socorro e salvamento de submarinos, e o Gulmar Atlantis, especialista em resgates submarinos contratado pela Petrobras, realize a operação de salvamento da balsa, fazendo-a voltar a flutuar.

Como, por exigência da legislação internacional envolvendo as atividades na Antártica, o reservatório de óleo da balsa é de chapas duplas, impermeável, o risco de vazamento é, agora, praticamente nulo. O plano da Marinha é usar mergulhadores que colocarão bóias na balsa, a 40 metros de profundidade, e fazer o içamento com o auxilio de guindastes dos dois navios. O desastre e a operação de resgate só foram admitidos pela Marinha depois do jornal O Estado de São Paulo ter publicado reportagem neste sábado.

No caso do incêndio no São Paulo, que passou por longa reforma de quatro anos de duração, e que deverá retornar às manobras navais no meio do ano, a grande perda foi mesmo a da vida do marinheiro que dormia no fundo do alojamento. Finalmente, para, esperam as autoridades navais, encerrar de vez o ciclo de azares, aconteceu o incêndio que praticamente destruiu a base brasileira na Antártida, que completaria este ano 29 anos. Uma sequência de incidentes como essa chega até a levantar suspeitas de sabotagem, o que veteranos oficiais de Marinha descartam. Mas alguns, ouvidos por Brasileiros, acreditam que uma boa bênção, banhos de sal grosso e outras armas contra o azar serão bem-vindas.


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