Meu caro, a homossexualidade chegou para ficar na novela das nove. Mas do jeito que está, nada vai mudar. Não vai rolar o beijo gay ainda por muitos anos, embora já tenha até sido gravado por Bruno Gagliasso no passado. O poder da censura interna da TV Globo é mais forte. Neste ponto, Luciana Gimenez conseguiu ganhar da nossa Paramount.
O Mordomo Crô, desenvolvido brilhantemente pelo belo Marcelo Serrado, já marcou seu lugar na história da dramaturgia brasileira. Pena que, ainda, seja um estereótipo maniqueísta, feito para se rir dos gays, mostrando-nos como engraçados, como se saídos do elenco de Gaiola das Loucas, ou Priscila, a Rainha do Deserto, este último estreando em São Paulo. Mas Crô faz muito sucesso. É o que o público quer ver.
Em Insensato Coração, Gilberto Braga chegou muito mais perto da realidade, criou uma “balada”, e explorou a homossexualidade de forma muito mais natural, acertando até mesmo ao tratar da homofobia. A minissérie Cinquentinha também trouxe um lindo Pierre Baitelli, pilantra e gay. Não é necessário retratar-nos sempre como bonzinhos, este não é o ponto, mas sim como normais!
Tanto Aguinaldo Silva quanto Gilberto Braga são homossexuais assumidos. Isso não basta, nem atrapalha. A questão é o quanto a emissora e os telespectadores são capazes de aguentar. Nossa sociedade é hipócrita, prefere dar risadas com os trejeitos do serviçal da Rainha das Terras Férteis em Fina Estampa, mas jamais nos aceitará como normais. Os autores só fazem seguir a maré. Não haverá novidades no horário nobre, não por enquanto.
Deixe um comentário