A Fundação Bienal de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (01) que não irá mais aceitar o apoio e financiamento de Israel à 31ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que terá sua abertura na próxima sexta-feira (6). A decisão foi tomada após um grupo formado por 55 artistas lançar uma carta de repúdio ao apoio israelense ao evento.
No painel colocado na entrada da Bienal, onde estão os logotipos das instituições patrocinadoras do evento, um aviso improvisado, grudado com adesivo, especifica que cada consulado apoia só os artistas de seu país.
A carta aberta foi publicada pelo artista plástico, arquiteto e escritor libanês Tony Chakar em sua página do Facebook. Desde sexta (29), a Bienal havia se comprometido em responder aos artistas.
“A grande maioria dos artistas desse evento não apenas mostrou que tem agência ao demandar transparência referente ao financiamento de eventos culturais, mas também levantou a questão fundamental de como o financiamento pode comprometer e minar seu trabalho. Além disso, a luta por autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em escala global. A opressão de um é a opressão de todos”, diz trecho da carta lançada nesta segunda.
Desde o dia 8 de junho, os recentes ataques israelenses mataram 2.116 palestinos em Gaza – entre eles 495 crianças e 255 mulheres – deixaram mais de 11 mil pessoas feridas e 100 mil desabrigadas. 71 israelenses morreram, 66 soldados e 4 civis.
Confira a íntegra da carta em resposta à decisão da Bienal:
ARTISTAS DA BIENAL DE SÃO PAULO SE DISSOCIAM DO FINANCIAMENTO DE ISRAEL
Nós, a maioria dos artistas e participantes da 31ª Bienal de São Paulo, que nos opusemos a qualquer associação de nossos trabalhos com o financiamento do Estado de Israel, tivemos, hoje, nosso apelo ouvido pela Fundação Bienal de São Paulo. Há uma semana fomos confrontados com o fato de que o Estado de Israel está contribuindo com o financiamento da exposição como um todo, o que, para a maioria de nós, é inaceitável.
Após negociações coletivas, a Fundação Bienal de São Paulo se comprometeu a desassociar claramente o financiamento israelense do financiamento total da exposição. O logo do Consulado de Israel, que havia sido apresentado como patrocinador master do evento, agora será relacionado aos artistas israelenses que receberam aquele apoio financeiro específico.
Nós, artistas e participantes da 31ª Bienal São Paulo, recusamos apoiar a normalização das ocupações conduzidas continuamente por Israel na Palestina. Acreditamos que o apoio cultural do Estado de Israel contribui diretamente para manter, defender e limpar suas violações de leis internacionais e direitos humanos.
A grande maioria dos artistas desse evento não apenas mostrou que tem agência ao demandar transparência referente ao financiamento de eventos culturais, mas também levantou a questão fundamental de como o financiamento pode comprometer e minar seu trabalho. Além disso, a luta por autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em escala global. A opressão de um é a opressão de todos.
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