Queridos, detesto voltar a isso, mas não dá para fugir. Será o assunto da semana gay em toda a mídia. O infame BBB chega ao fim amanhã, e já se anuncia um lamentável triunfo daquilo que o Brasil tem de pior, uma provável vitória de Marcelo Dourado, o participante que não tem pudor em não ter pudores. Homofóbico, não tem vergonha disso, diz que a Aids é coisa de gay, que homem hétero não tem de usar camisinha, incita a intolerância, e põe milhares de vidas em risco, e tudo bem. Onde estarão o semideus Boninho ou o patético Pedro Bial quando toda a força e coragem que deram às milícias homofóbicas que adoram Dourado se converter em violência contra gays, ou quando milhares de jovens se expuserem ao sexo de risco?
O paredão entre Dicesar e Dourado amealhou cerca de 125 milhões de votos, mais uma marca histórica no reality show, fico até feliz que o placar final tenha mostrado uma diferença de apenas 10%, poderia ter sido pior. O que nos resta? Indignação, certamente, e medo, pois a barra que os gays enfrentam nunca foi fácil, somente ano passado foram quase 200 assassinatos comprovadamente motivados por homofobia, isso indica um número real várias vezes maior, pois a grande maioria não é reportada como tal. Já se formaram várias comunidades pró-Dourado no Orkut, com discursos tenebrosos. Aqui, na minha pequena coluna diária, tenho recusado mensagens homofóbicas triunfantes todos os dias. O candidato Dicesar teve proteção policial ao sair, pois a própria Rede Globo temia que as ameaças de morte se concretizassem. Lindo, não? Não pensaram nisso quando puseram gays caricatos de um lado e um conhecido homofóbico do outro? Pode acontecer um milagre, Dourado perder, não creio, mas, em todo caso, o estrago já está feito. Uma coisa de positivo poderemos tirar disso: está escancarado o que é o Brasil, carnavalesco mas intolerante, hipócrita e preconceituoso. A voz de Gal Costa cantando “Brasil, mostra a tua cara!” não me sai dos ouvidos.
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