Caríssimos, essa me chegou numa conversa com Franco Reinaudo, da CADS, Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual da Prefeitura, já o citei quando falei sobre a entrada dos gays no DNA do poder público, a (ótima) expressão é dele. Aconteceu no Autorama, tradicional ponto de encontro e paquera dos gays no parque do Ibirapuera, tem esse nome, pois as bibas ficam girando de carro em círculos ao redor do estacionamento, paquerando quem está nas barraquinhas de cerveja – tinha um acarajé famoso em São Paulo. Quando se dão bem, param o carro e é aquela agarração, vidros embaçados, divertido, nada do outro mundo. Lógico que também rola michetagem, a mais velha profissão do mundo, e, isso sim é sério, acontecem roubos, uns usam drogas, tem menores de idade, enfim, requer atenção da polícia.
O problema é que as ações da polícia são tradicionalmente violentas, principalmente contra os gays, truculência e desrespeito são regras. Essa é uma velha reclamação da comunidade, e foi um dos primeiros pontos de ação do CADS, buscar a raiz do problema. Os guardas civis metropolitanos passam por 600 horas de curso básico de formação antes de ir às ruas, recebem noções de direitos humanos e, agora, são treinados para lidar com homossexuais. O trabalho de formação dos homens da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo é pioneiro, nas palavras da Inspetora Andreia Silva França, responsável pelo curso, “Eles precisam estar prontos para enfrentar o mundo lá fora, e os gays são parte desse mundo”. A inspetora é uma das pessoas mais competentes e dedicadas que já conheci. E então volto ao início desse texto: O CADS recebeu um e-mail de um gay abordado por guardas civis no autorama, elogiando por ter sido bem tratado! Segundo ele, o guarda usou ainda o termo “orientação sexual”, lógico que vindo do seu treinamento. Eu sei que ainda temos muito o que fazer, se formos falar da Polícia Militar temos oceanos a atravessar, mas vejam como a experiência da Guarda Civil mostrou que é possível fazer algo positivo, os resultados surgem, sim. Bom ponto de partida para agirmos por meio dos conselhos de políticas LGBTT do Município e Estado de São Paulo.
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