Bombas, discursos e celuloide

Décadas antes da trilogia de Christopher Nolan arrecadar milhões em bilheterias, Batman foi levado aos cinemas em 1943, em plena Segunda Guerra, em uma série de 15 episódios. Dirigido por Lambert Hillyer e com roteiro de Victor McLeod, Batman – A Serial Movie foi a primeira de uma série de histórias que chegaram aos cinemas. Nela, o personagem de Bob Kane enfrenta Dr. Daka, um espião japonês disposto a transformar cientistas americanos em zumbis. Daka é cruel, traiçoeiro e impiedoso.

Ainda em 1943, a indústria do entretenimento da Alemanha também antecipou outro blockbuster, reproduzindo uma tragédia naval que, décadas mais tarde, daria inspiração a James Cameron para Titanic. O filme de Herbert Selpin tem o mesmo título do contemporâneo, mas contou com o apoio do propagandista de Hitler, Joseph Goebbels, que viu na catástrofe uma oportunidade para atacar os ingleses e americanos – inimigos dos alemães no conflito. Essas e outras histórias do uso do cinema estão no livro O Poder das Imagens, de Wagner Pinheiro Pereira.

Já nas primeiras décadas do século 20, o cinema figurava, ao lado do rádio, como principal veículo de informação e formação das massas. Exemplos de filmes criados para uso político existem em praticamente todos os países – inspirado em Hollywood, Benito Mussolini incentivou a criação da Cinecittà e promoveu uma das primeiras publicações sobre o tema, a revista Cinema, editada pelo filho Vittorio Mussolini, para produzir e divulgar filmes que valorizassem o governo fascista.

O livro mantém o foco em Franklin Roosevelt, então presidente americano, e Adolf Hitler, líder alemão, durante os anos 1930-40. O autor não se limitou aos filmes de propaganda, preferindo priorizar obras de entretenimento. Na Alemanha, mesmo massacrada pela derrota na Primeira Guerra, o cinema viveu dias de glória graças ao Expressionismo. Situação semelhante passavam os americanos, que sofriam as consequências da Quebra da Bolsa de 1929, mas viam surgir em Hollywood uma indústria que iniciava uma revolução no segmento.

Roosevelt e Hitler chegaram ao poder como líderes salvadores da pátria nos anos 1930 e se utilizaram do cinema de forma parecida. Ambos incentivaram obras que se caracterizam por demonizar seus inimigos ou enaltecer heróis. O livro vale ser lido por quem gosta de cinema, história e política.


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