Bordando esperança

Na última segunda-feira, 06 de maio, o Educativo Bienal, braço pedagógico que realiza ações tanto dentro quanto fora da Fundação Bienal (a entidade que organiza a Bienal Internacional de Arte de São Paulo), realizou o projeto cultural Alinhavos, junto ao Instituto Nova União da Arte – NUA, Projeto Nossa Ponte de Cultura e GPS Delivery Arte, no muro da Rua Papiro do Egito, onde faz divisa a comunidade da Vila Nova União com a linha de trem da CPTM, no Jardim Pantanal, localizado na zona leste da cidade de São Paulo. O evento conta com os trabalhos do artista f.marquespenteado, que trabalha com o “bordado” estampado na parede.  A ideia do projeto é enfeitar o muro através de desenhos criados pelo artista e por crianças da Vila Nova União, e que juntos possam interagir e transformar o espaço onde vivem em um lugar mais agradável, já que a região é vista como um ponto de consumo de drogas e as pessoas acabam excluindo o local do dia a dia por falta de segurança.

Em 2010, o muro foi grafitado por artistas, trabalhando junto a membros da comunidade, para a revitalização da área. Neste ano, o projeto ganhou novas caras no meio artístico, e está fazendo uma nova intervenção no muro, que é parte vital dessa comunidade. Os “bordados” de  f.marquespenteado não serão a única obra exposta na parede, o artista deixa seus desenhos com espaço para que outros artistas locais, por meio do grafite, possam preencher as obras. Além de deixar a região mais charmosa, o programa realizado pelo Educativo Bienal tem a intenção de refletir sobre a arte e a vida contemporânea, valorizar experiências cotidianas, propor diálogos abertos com professores das redes pública e particular, educadores sociais, agentes comunitários, estudantes de todas as idades, famílias e todas as pessoas que quiserem conversar sobre arte contemporânea.

Fotos: Sofia Colucci

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Segundo Dani Gutfreund, coordenadora de comunicação do Educativo Bienal, o projeto é uma ponte para a Vila Nova União obter avanços em educação e cidadania, instruir as crianças para um futuro melhor e oferecer uma rotina saudável para os moradores com diversos programas que a Bienal está propondo. “Vamos ter oficinas a partir de agora, vamos dar continuidade no projeto realizando palestras que incentivarão crianças no mundo artístico, vamos conversar sobre arte contemporânea e serão construídos ateliês para que as crianças interajam com a arte e a cultura”, ressalta a coordenadora.

O educativo Bienal conta com parceiros para a realização do projeto. O Nova União da Arte é uma das instituições que está envolvida no evento. É organizado pela sociedade civil de Nova União sem fins lucrativos, que tem por missão promover o desenvolvimento social, econômico e comunitário da região, por meio de arte, cultura e educação. Hermes de Sousa, responsável pelo Instituto, analisa o projeto Alinhavos, e diz que ele é de extrema importância para membros da comunidade, principalmente as crianças. “A arte contemporânea, para eles, é uma coisa nova. Isso é desconhecido por essas crianças. Esse projeto é muito importante para elas. Porque acima de tudo, isso é uma aula de cidadania e educação”, afirma.

f.marquespenteado diz que sua obra é totalmente criada para agradar as crianças, já que o bordado vem da ideia de um brinquedo. “Havia muitos brinquedos na minha infância que se podia bordar através de fios que se interlaçavam, e como eu trabalho com o bordado, que é essencialmente a minha especialidade nas artes visuais, me dá prazer de voltar a investir”, explicou o artista. O trabalho é bem simples, são cravos de cavalos que substituem pregos e que dão base aos desenhos quando são colocados na parede. Cordas náuticas e fios de polipropileno concretizam a obra contornando os cravos dando forma as figuras. Não foram apenas as crianças que usufruíram do projeto, as mulheres também gostaram muito da ideia de participar do evento, algumas disseram que a obra de arte é terapêutica e faz lembrar muito o bordado usado com agulhas e fios de algodão.


Comentários

2 respostas para “Bordando esperança”

  1. Gostaria de parabenizar ao jornalista Rafael Arruda e a revista Brasileiros pela reportagem tão oportuna que da visibilidade ao Jardim Pantanal, seus moradores e instituições que por meio da arte promovem uma ação educativa, lúdica e cidadã de enorme interesse.
    O texto bem escrito de Rafael, as fotografias tão bonitas da Sofia Colucci, os bordados do Fernando e dos meninos e meninas do Jardim Pantanal mais do que enfeitar um muro – sinalizam questões. Pontuam um lugar na nossa tão querida e as vezes tão assustadora São Paulo. Um lugar de barreiras físicas e conflitos sociais que de repente com algumas mãozinhas, rosa e linhas poderiam se estender e estender doçura e frescor por toda a cidade.
    Obrigada por nos trazer um exemplo tão inspirador!
    Esperamos um artigo em breve do Rafael nos contando a continuidade do projeto e por quê não, nos trazendo mais e mais trabalhos como este.

  2. Gostaria de parabenizar ao jornalista Rafael Arruda e a revista Brasileiros pela reportagem tão oportuna que da visibilidade ao Jardim Pantanal, seus moradores e instituições que por meio da arte promovem uma ação educativa, lúdica e cidadã de enorme interesse.
    O texto bem escrito de Rafael, as fotografias tão bonitas da Sofia Colucci, os bordados do Fernando e dos meninos e meninas do Jardim Pantanal mais do que enfeitar um muro – sinalizam questões. Pontuam um lugar na nossa tão querida e as vezes tão assustadora São Paulo. Um lugar de barreiras físicas e conflitos sociais que de repente com algumas mãozinhas, rosa e linhas poderiam se estender e estender doçura e frescor por toda a cidade.
    Obrigada por nos trazer um exemplo tão inspirador!
    Esperamos um artigo em breve do Rafael nos contando a continuidade do projeto e por quê não, nos trazendo mais e mais trabalhos como este.

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