Bordar é preciso

Nada de carnes nem empanadas. As mulheres reunidas em torno de uma grande mesa no restaurante argentino Martin Fierro, na Vila Madalena, em São Paulo, nesta quinta-feira (10/11), foram seduzidas pela sabedoria de uma ilustre bordadeira, Sávia Dumont. Artista do Grupo Matizes Dumont, com sede em Pirapora (MG), ela ministra oficina de bordados no local hoje e amanhã.

O grupo é conhecido por ilustrar livros infantis coletivamente (cada irmã faz uma parte) de escritores como Jorge Amado e Manoel de Barros com bordado, além de atuar em comunidades carentes em todo o Brasil, por meio do Instituto de Promoção Cultural Antônia Diniz Dumont, que ensina mulheres a arte da agulha e linha para geração de renda.

No terraço do Martin Fierro, as alunas presentes, entre elas, a proprietária Ana Maria Massochi, aproveitaram a oportunidade de bordar com Sávia para aprimorar suas habilidades, ouvir suas incríveis histórias (confira reportagem sobre o Grupo Matizes Dumont na edição de dezembro da Brasileiros) e relaxar. “Eu e minhas amigas costumávamos nos reunir para bordar e agora estamos retomando esse ‘estar junto’”, diz a psicóloga Claudia Lobo, 48, que veio da Granja Viana, em Cotia (SP), foi com a amiga, a assistente social Fátima Canzian Lemmi, 39 anos, e levou a sogra, a designer de móveis Lenita Gomes Viveiro, 73. “Não sei ficar parada, tenho necessidade de aproveitar meu tempo ao máximo, não vejo TV sem meu tricô nas mãos”, diz Lenita.

Os desenhos que serviram de base para os bordados foram feitos por Martha Dumont, irmã de Sávia, que promovia um evento paralelo na Feira Moderna, a poucos quarteirões dali, expondo produtos feitos pelas bordadeiras do Instituto. Para quem quisesse arriscar ou iniciar no bordado, havia panos com amostras de cada ponto. “Eu faço bordado para ficar tranquila, é uma atividade totalmente para relaxar”, conta Ana. “E você pode levar para todo lugar, só ainda não descobri como levar no avião, por causa da tesoura”, completa.

A garçonete do restaurante Maria Emília da Silva, 45, adepta do crochê, também participou. “Estou adorando”. A engenheira Bety Chachanovitz, 66, estava tão entusiasmada que até matou a aula de ioga. “Não dá uma alegria olhar para esse trabalho?”, disse referindo-se ao bordado presente na bolsa de Sávia, que também estava vestida com um belíssimo vestido vermelho bordado pela mãe. “Este é o meu jardim. Cabe tudo no meu jardim”, disse ela, apontado para as flores do vestido. “Nos anos 1970, a mulher saiu para o mercado de trabalho, se intelectualizou e começou a abominar o trabalho manual. Hoje, essas mesmas mulheres, na faixa dos 60 anos, voltaram para casa e sentem falta de fazer alguma coisa, de ter novamente tempo para ela. E o bordado entra aí”, afirma, referindo-se ao aumento da procura pela arte das linhas.


Comentários

Uma resposta para “Bordar é preciso”

  1. Avatar de Itália Mesquota Azevedo
    Itália Mesquota Azevedo

    Nunca imaginei de encontrar um bordado tão maravilho.O qual me trouxe muitas lembranças.Como conseguir este risco para bordar,e dividir está com você.

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