Brasil comemora 50 anos do bicampeonato mundial

Há 50 anos o Brasil entrava no gramado do estádio Nacional de Santiago, no Chile, como defensor do título da Copa do Mundo e saía de lá, depois de enfrentar a Tchecoslováquia e vence-la por 3 a 1, como única seleção a conquistar um bicampeonato Mundial em duas copas seguidas no período pós-guerra — feito que apenas a Itália alcançou, mas antes de 1939.

Na tarde deste sábado, no mesmo dia 17 de junho 50 anos atrás, o ex-jogador Zito, meio-campista que participou da campanha bicampeã no Chile,  estará de volta ao país em companhia do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin, para participar da festa.

Zito foi um dos muitos que esteve também em 1958. Outro era Pelé. Em 1958 Pelé era um jovem do Santos, magrinho e negro. Em 1962, Pelé já era Pelé. Só que o Rei pouco jogou no Chile. Machucado, ele deu lugar a Amarildo, o “possesso”, como o chamava Nelson Rodrigues, tanto pelo estilo incansável de jogo quanto pela falta de cabeça. Amarildo estreou contra a Fúria e não foi expulso. O Brasil seria bicampeão mundila.

Mas o grande homem daquele time foi Garrincha. Em 1958 Garrincha era já era o craque das pernas tortas. Em 1962, ele virou um mito, a alegria do povo. Marcou quatro gols e foi um dos artilheiros do Mundial. Garrincha jogou por ele, por Pelé machucado, pelos então pouco mais de 50 milhões de brasileiros que acompanhavam as pelejas ao pé do rádio. E Garrincha jogou por Elza Soares.

Segundo a biografia do jogador, Estrela Solitária: um Brasileiro Chamado Garrincha, em 1962 Garrincha e Elza, que depois se casariam num caso que chocou a conservadora sociedade brasileira da época, já estavam enamordos na altura do Mundial, e ele teria prometido a Jules Rimet para ela.

Só o amor explica os anjos e demônios que tomaram conta de Garrincha no Chile. Ele foi o maestro e líder da companhia. Mas a felicidade quase foi estragada por uma expulsão na semifinal, diante dos donos da casa, quando Garrincha deu uma paulistinha no zagueiro Rojas. Na época não havia suspensão automática e Garrincha acabou inocentado pelo tribunal da Fifa.

É também no Chile que Garrincha teria falado uma de suas frases mais celebres. Quando decidido que a final seria contra a Tchecoslováquia, time contra qual o Brasil jogara na primeira fase, ele perguntou: “A Tchecoslováquia é aquele São Cristóvão cheio de Paulo Amaral?” Pobres tchecos, que jogavam com camisas e calções brancos, tal qual o São Cristóvão, e eram grandes, fortes e ruins de bola, como o preparador físico Paulo Amaral.

 


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