O Brasil está na alça de mira das empresas da Coreia do Sul, que buscam, em tempos de crise nos países desenvolvidos, novos mercados para seus produtos. O que poderia ser visto como uma ameaça à indústria nacional – já que os sul-coreanos são grandes exportadores de bens de alto valor agregado –, tem se mostrado, porém, uma oportunidade de atração de investimentos e de acesso à tecnologia. Foi o que mostraram especialistas convidados do Programa de Estudos Asiáticos da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, no seminário Políticas Industriais, Comércio e Investimento Coreanos – Aprendendo com Experiências Bem-sucedidas, realizado nesta segunda-feira em São Paulo.
O professor da Hankuk University of Foreign Studies, Won-Ho Kim, afirmou que o Brasil entrou em 2011, pela primeira vez, na lista dos dez maiores receptores dos investimentos externos feitos pela Coreia do Sul, na oitava posição. O ingresso de recursos atingiu US$ 1,1 bilhão no ano passado, depois de ultrapassar, em 2010, a barreira de US$ 1 bilhão, numa resposta ao incremento das relações comerciais entre os dois países. Desde 2004, as exportações coreanas para o Brasil têm crescido a uma taxa de 36% ao ano, em média, enquanto as importações avançaram num ritmo de 20,5%. “O desafio, para o Brasil, é diversificar sua pauta de exportações, hoje concentrada em commodities”, avalia o especialista.
Hee Moon Jo, também professor da Hakuk University, realizou uma sondagem junto a empresários e investidores sul-coreanos e descobriu que os dois principais fatores que motivam a aposta no Brasil são o acesso ao mercado interno e o atendimento a clientes estrangeiros. Ou seja, os grupos que se instalam por aqui esperam não só ampliar as vendas locais, mas também usar o País como base de exportações.
Embora veja muito espaço para a elevação dos investimentos estrangeiros diretos no Brasil, Moon Jo avalia que o País precisa melhorar o tratamento oferecido às empresas de fora. “É um milagre que tenhamos uma ótima performance no Brasil. Cheguei a ouvir de uma autoridade que não haveria problema se nossos planos não derem certo, porque há uma fila de empresas querendo investir aqui. Por favor, não abandonem os investidores que seduziram”, afirmou o professor. Ele avalia o atual momento dos grupos sul-coreanos no Brasil como uma segunda onda de investimentos, liderada por quem “veio para ficar”.
O cônsul-geral da Coreia do Sul no Brasil, Sang-Shik Park, destacou a série de intercâmbios científico-tecnológicos que vêm sendo fechados entre os dois países, em especial em áreas como nanotecnologia e biocombustíveis. O diplomata citou, em especial, o apoio oferecido ao programa Ciência sem Fronteiras, que promove o envio de universitários brasileiros para universidades estrangeiras. E anunciou que o Fórum de Negócios Brasil-Coreia, realizado em junho, vai se tornar um evento anual – para estimular uma aproximação que, conforme destacou, tende a ser benéfica para ambos os lados.
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