Atrás do Chile (14º) e Argentina (15º) na América Latina, o Brasil aparece em 18º lugar no ranking global do Índice de Progresso Social (IPS), de acordo com pesquisa do Social Progress Imperative, que mede o desempenho entre o Produto Interno Bruto (PIB) e seu desenvolvimento social em 50 países. No caso dos dois vizinhos, é preciso considerar algumas diferenças relevantes, como sua extensão territorial e população – mais de seis vezes a argentina. Mas o país é o primeiro na lista do Brics, grupo político de cooperação formado por países emergentes como Rússia (33º), Índia (43º), China (32º) e África do Sul (39º). A lista completa é liderada pela Suécia, seguida do Reino Unido, Suíça, Canadá, Alemanha e Estados Unidos. “O Brasil tem muito que progredir, há algumas áreas com desempenho pequeno, como a segurança e os direitos das mulheres, mas alcançou muitos pontos fortes, é preciso comemorar e muito”, avalia o professor da Harvard Business School, Michael Porter.
Coube a Porter apresentar hoje os resultados da pesquisa, durante a Conferência Ethos 2013, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Especialista mundial em competitividade, Porter foi o idealizador do IPS, desenvolvido por ele e por economistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e, em seu segundo ano, vem respaldado por empresas privadas e instituições sem fins lucrativos, como Deloitte, Skoll Foundation, Fundación Avina, Cisco e Banco Compartanos. Porter fala do Brasil com otimismo. “É um país aberto, com uma sociedade tolerante em muitos aspectos e isso faz a diferença”, afirmou. Uma diferença positiva entre o Brasil e os parceiros do Brics é que seus últimos governos estiveram muito comprometidos com a inclusão social. “Pode melhorar, sem dúvida, mas tem um grande futuro pela frente e o fato do compromisso com o social existir na prática criam expectativas positivas, o que não acontece nos casos da Índia e da China”.
O IPS compõe um projeto global, baseado em métricas sociais e ambientais oriundas de fontes oficiais e pesquisas de percepção. Visa oferecer informações objetivas sobre o bem-estar humano aos formuladores de políticas, organismos internacionais de desenvolvimento, empresas e organizações da sociedade civil, para que possam direcionar seus investimentos nas áreas de interesse. No primeiro ano de aplicação, o IPS gerou informações e análises sobre o contexto social de cerca de 50 países. Seu princípio é avançar no índice mais usado no mundo, que o PIB, que se baseia na idéia de que onde há mais dinheiro existe mais justiça social. Essa relação, segundo Porter, está longe de ser perfeita e ele cita Vietnã, Suécia e Costa Rica como exemplos contrários. Nesses lugares, as conquistas foram muitas, com menos dinheiro. “Esse tipo de medição permite ver se há mesmo progresso social”, observou. “Investir muito em educação, por exemplo, não quer dizer que se alcançou bons resultados”.
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