A reportagem O Ovo da Serpente, publicada na edição de setembro da Brasileiros, foi tema de debate em Rio Claro (SP). O trabalho sobre a ascensão e a queda do integralismo, movimento inspirado no fascismo italiano que proliferou pelo Brasil na década de 1930, tem significado especial para a cidade. No Arquivo Histórico de Rio Claro, encontra-se o acervo de Plínio Salgado, líder do integralismo, com mais de 60 mil páginas de correspondências e 6.762 fotografias. “Uma parte importante da História do Brasil está documentada aqui”, disse na abertura do debate a superintendente do arquivo, Teresa Arruda, que organizou o encontro.
Autora da matéria, a repórter Luiza Villaméa comparou imagens do acervo brasileiro com fotografias de líderes fascistas europeus e lembrou que, para entender o presente, é fundamental conhecer o passado. Ao mencionar a passagem do tempo, o historiador Renato Dotta, especialista em integralismo, afirmou que as raízes de ultra direita lançadas por Plínio Salgado ainda não desapareceram. “Nas manifestações de junho de 2013, houve participação de grupos de neointegralistas, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro”, afirmou Dotta.
No encontro, o presidente da Comissão Estadual da Verdade, deputado Adriano Diogo (PT), falou da importância de se debater o autoritarismo e os reflexos da intolerância no atual cenário político. Para Olga Salomão, vice-prefeita de Rio Claro, a reportagem da Brasileiros é o primeiro passo para se ampliar a discussão sobre o tema. Embora até estudiosos europeus visitem a cidade para pesquisar no acervo, no Brasil ele é muito pouco conhecido. Na cidade, a situação começa a mudar. O debate sobre O Ovo da Serpente aconteceu na sede da Sociedade Beneficente e Recreativa José do Patrocínio, a Patrô, criada pela comunidade negra da região em 1956, que abriga uma das quatro escolas de samba da cidade.
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