Brasileiros se redime e quase salva Real Madrid

Semana passada, quem sofreu com o pé gelado da Brasileiros foi o Barcelona. Nossa equipe acompanhou o primeiro jogo da semifinal, contra o Bayern de Munique, em um bar junto com a Penya Barcelonista, uma torcida organizada da equipe azul-grená no Brasil (leia matéria aqui). Deu no que deu, surra épica por 4 a 0 e saímos de lá quase escorraçados, taxados de agourentos e azarados.

Nessa semana, no confronto de volta da competição européia, decidimos poupar os catalães. Nosso alvo foi o Real Madrid, que jogando em casa, contra o Borussia Dortmund, precisava reverter os 4 a 1 sofridos na Alemanha.

Ao invés da camisa do time, como havíamos feito na semana passada, dessa vez, o traje adicional na vestimenta eram dois pares de meia. A equipe também estava reduzida, dos três que derrubaram o Barça, apenas o repórter que vos fala acabou sendo mandado para o bar. Minimizar os riscos, talvez.

Chegando ao bar combinado, onde encontraríamos com os integrantes da torcida Real Madrid Brasil, o medo de mais um vexame recair sobre os ombros era grande. Detectei o presidente da uniformizada, porém, como cheguei ao local pouco antes do apito inicial, nem me apresentei. Na minha cabeça, se o chocolate viesse no primeiro tempo, saía de fininho no intervalo e não ficaria taxado de pé-frio por mais uma torcida.

A tensão no local era evidente. Em plena tarde de terça-feira, pouco antes das 16h, torcedores tinham garrafas de vodka já pela metade nas mesas. Só restava saber se o álcool serviria para festejar ou para afogar as mágoas…

O jogo começou, logo me desencolhi na cadeira, o Real partia para  ataque. O desastre não iria se repetir, pensei. Apesar da insistência, o gol teimava em não sair. Cristiano Ronaldo, Ozil, Cristiano Ronaldo de novo… A bola não entrava.

Gostaria de ir para o intervalo com um placar favorável, a conversa com José Luiz Sánchez, presidente da torcida, seria, com certeza, mais leve. “Podemos conversar lá fora, pra eu poder fumar um cigarro! Estou muito nervoso!”, pediu. “Claro! Mas fique tranquilo, ainda tem muito jogo”, respondi.

Sem me aguentar, relatei o episódio de semana passada, quando assisti ao jogo do Barcelona em meio da torcida. Ele deu risada, falou para eu não me preocupar, no meio da torcida merengue, caso a desclassificação acontecesse, ninguém iria me culpar, ele me garantiu e, claro, me agradeceu muito pelos 4 a 0 do Bayern contra o Barcelona. Esse fardo começava a me incomodar, a brincadeira não poderia virar verdade. Força Real Madrid, me livre de minha sina desgraçada!

Apesar da tensão do jogo, a conversa discorreu tranquila. Morando no Brasil há quase dois anos, ele contou que montou a torcida logo que chegou e já tem mais de 250 afiliados, segundo ele, mais da metade são brasileiros. Pepe, apelido que adotou aleatoriamente ao chegar no Brasil para facilitar a vida dos brasileiros, contou que é amigo de vários jogadores do Real Madrid, de Casillas, dos brasileiros Roberto Carlos (já aposentado) e Marcelo, Sergio Ramos…

Falando sobre o futebol tupiniquim, Pepe revelou ser um pouco corintiano e também deu pitacos sobre nossas chances em 2014. “Acho um erro preservar o Neymar no Brasil. Lógico que é um privilégio ter um jogador desses aqui, mas ele precisa sair pra estar preparado para uma Copa”, analisou. Quem vai ser campeão em 2014? O traumatizado Pepe crava: “A Alemanha”.

O segundo tempo veio, a atenção do bar se voltou de novo para a televisão. A pressão espanhola continuava e, finalmente, o gol veio, muito tarde, mas veio. Benzema, faltando 10 minutos para acabar o jogo, estufou as redes. Seis minutos depois, mais um, Sergio Ramos.

Faltava apenas 4 minutos para o final do tempo regulamentar e, se o Real Madrid fizesse mais um, conquistaria a classificação histórica. Na minha cabeça, já pensava como construir o texto no qual eu passaria de pé-frio, para amuleto, o pé de coelho!

A pressão continuou, porém, infelizmente, o terceiro não veio. Apesar do adeus, o clima no bar era diferente do da semana passada. Os torcedores merengues aplaudiam seu time pela valentia como buscaram o resultado.

Para mim, fica a certeza que a fatalidade do jogo do Barcelona não foi culpa minha ou muito menos da Brasileiros. Como um experimento, ao isolarmos todos os fatores do problema, foi possível analisar que, de três presentes nos 4 a 0, dois não estavam na semana seguinte, no dia em que a Brasileiros limpou sua cara, logo… Torcedor alvinegro, se preocupe, os dois grandes pé-frios da redação são corintianos!


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