Foto Camila Picolo
O artigo 5 da Constituição brasileira estabelece que todos somos iguais perante a lei, e garante a nós o direito à liberdade. Temos, por direito constitucional, livre locomoção em todo território nacional.
Ontem, não só como repórter, mas como todos os manifestantes reunidos, eu tinha o propósito de realizar uma grande passeata para contribuir com a mobilização da população e questionar o aumento da passagem do transporte público. Fomos às ruas, por direito, protestar um aumento significativo da tarifa. Grande parte da população paulistana, que se locomove de ônibus e metrô, considera o meio de transporte como a principal despesa no orçamento mensal. Se o transporte é público, por que é pago? E se é pago, porque é ruim? Duas questões centrais do Movimento Passe Livre.
E fomos muito reprimidos! Nos fizeram dispersar e mudar de caminho praticando o terror. Fomos encurralados em diversas esquinas, e expostos a projéteis de borracha e bombas de gás lacrimogênio, que contém vários tipos de substâncias agressivas a pele. Houve momentos de tensão, nos quais a lei da natureza, onde o mais forte sobrevive, se fez prevalecer. A cada barulho de bomba e a cada dificuldade respiratória que enfrentávamos, a situação era agravada com aglomerações e riscos de pisoteamento.
Diferentemente de um conflito, a manifestação pacífica até chegarmos a Rua Maria Antônia, nos permitia dialogar. E durante a maior parte do percurso até ali – marcado depois pela violência policial – os manifestantes imploravam pelo não uso da violência. Quando já estávamos encurralados e sem alternativas de locomoção, o grupo de manifestantes decidiu que a melhor maneira de acabar com a repressão da polícia seria sentar no chão e pedir a suspensão de tiros e bombas, com gritos de “sem violência, sem violência”. A PM, por outro lado, pediu para que os manifestantes, se erguessem e recuassem. Ordens expressas com o auxílio de dezenas de tiros de balas de borracha. Nos fizeram, depois, cair em uma arapuca ainda maior.
Como era de se esperar, a entrada na Avenida Paulista tornou-se obsessão para os manifestantes. Mas em nenhum momento a linha de frente do movimento perdeu o controle e partiu para o vandalismo, pelo contrário, estavam indignados com a atitude da PM, que mais uma vez, mostrou ser extremamente violenta. E, nesse caso, quem policia a polícia?!
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