Jack Nicholson. O ator norte-americano foi flagrado na saída do club Xenon. Foto: Divulgação
Jack Nicholson. O ator norte-americano foi flagrado na saída do club Xenon. Foto: Divulgação

Início dos anos 1980, hotel Berkshire, Nova York. O fotógrafo brasileiro Renato dos Anjos esperava uma brecha na agenda de Roberto Carlos, para uma reportagem na revista Manchete. Mas cruzou no elevador com o ator Dustin Hoffman, que filmava ali a comédia Tootsie. Renato pediu para fotografar Hoffman e acabou sendo convidado para acompanhar a filmagem no set, com direito à presença da atriz Jessica Lange, também em cena. Não só isso. O fotógrafo clicou Hoffman com as sobrancelhas devidamente desenhadas para o papel feminino, ao lado do Rei, apresentado ao ator como “O Sinatra Brasileiro”.

Anjos 80 está em cartaz na Galeria Nikon, em São Paulo. A exposição reúne fotos em preto e branco de ícones do showbizz internacional, feitas por Renato dos Anjos entre as décadas 1970-80, em Nova York, especialmente em boates como Studio 54, Regine’s e Club A. Hoje aos 65, o fotógrafo já tem 40 anos de carreira, com passagens pelos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo, entre outros.

Por trás de cada celebridade retratada, há uma história curiosa. No mesmo hotel Berkshire, por exemplo, Renato clicou, de surpresa, um arisco e algo ébrio Rod Stewart entrando no elevador, para logo em seguida ser expulso por seguranças. No Regine’s, o ator Gérard Depardieu pediu ao brasileiro que não incomodasse sua companheira de mesa, a atriz Catherine Deneuve, que acabara de vir de uma extenuante sessão de 800 fotos com Patrick Demarchelier, papa da fotografia de moda. Em vão.

“Às vezes, eu tinha de ser sutil como um bailarino para conseguir fazer a foto”, conta o fotógrafo, que arrebatou instantâneos de Jack Nicholson e Mick Jagger, saindo do clube Xenon, e das atrizes Raquel Welch, no Studio 54, e Brooke Shields, em uma festa de Halloween. As esquivas, no entanto, não eram a regra. A sueca Liv Ullman, atriz-fetiche do diretor Ingmar Bergman, comprou fotos que Renato fez dela no Club A “para provar à filha que saía para dançar”. Também à porta do Club A, Ryan O’Neal e Farrah Fawcett não só se deixaram fotografar, como convidaram Renato para beber com eles lá dentro. Andy Warhol pagou US$ 100, em cheque, por cliques do fotógrafo no Regine’s.

Anjos 80 também mostra cliques de celebridades brasileiras, como a atriz Gloria Pires, o atleta Pelé, o colunista Ibrahim Sued e o empresário Roberto Medina, criador do festival Rock in Rio. Era mais fácil fotografar os conterrâneos? “Os americanos e europeus sempre entendiam melhor que fotografá-los era minha profissão. Numa festa fechada com a Caroline de Mônaco, por exemplo, ela já combinou que à meia-noite faria três ou quatro cliques. Já o brasileiro… O brasileiro é mais estrela.

Leica Gallery
Outra celebridade tem papel de destaque em uma mostra de fotografia na capital paulista. Desta vez, no entanto, do lado de quem fotografa. Com a exposição Del Mondo, do inglês Andy Summers, ex-guitarrista da banda The Police, foi inaugurada no início do mês a Leica Gallery, que apresenta 42 registros em preto e branco, feitos pelo músico entre 1978 e 2014, em viagens por cidades como Los Angeles, Tóquio, Londres e Rio de Janeiro, entre outras.

A mostra divide atenções com a própria Leica Gallery, a 14a no mundo e a primeira na América Latina. Instalada em um edifício da década de 1930, em processo de tombamento pelo Patrimônio Histórico, a galeria tem estilo art déco na fachada e abriga uma Leica Boutique.

Luiz Marinho, representante da fabricante alemã no Brasil, ressalta que a galeria será “um espaço de convivência para entusiastas da marca e da fotografia”, e abrigará, além de exposições, lançamentos de livros, workshops e encontros com fotógrafos. A seleção dos artistas que expõem na Leica é feita por Karin Rehn-Kaufmann, diretora da galeria de Salzburgo, na Áustria, e responsável pela curadoria de todos os espaços.

“Apesar de não haver uma curadoria local, essa centralização pode ser benéfica. Um fotógrafo brasileiro, por exemplo, pode ter sua exposição levada para todas as outras galerias”, pondera Marinho, adiantando que a próxima mostra da Leica, que começa em novembro, deve trazer os trabalhos de Ralph Gibson ou de Bruce Gilden, ambos norte-americanos.


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