Empatados nas pesquisas, Dilma e Serra também chegam chegam juntos ao final da corrida de obstáculos na primeira semana da campanha presidencial nas ruas: um falando mal do outro, trocando farpas, fazendo promessas e discutindo picuinhas.
Caminhadas pelas ruas, entrevistas para rádios populares, minicomícios improvisados, beijos e abraços em eleitores, é tudo igual: nas duas campanhas, nota-se a mesma falta de imaginação. Toda noite na televisão, as imagens se repetem.
Os marqueteiros e chefes de campanha parecem estar guardando toda a criatividade das propostas dos candidatos para a propaganda no rádio e na televisão, que só começa no dia 17 de agosto.
Se continuar nesta toada, vamos ter a campanha eleitoral mais chata desde que o Brasil voltou a votar para presidente da República, em 1989.
Até no registro dos programas de governo, mera formalidade que levou um a atacar o outro e vice-versa, deu zero a zero.
Serra criticou Dilma por apresentar um programa “radical”, que rubricou sem ler, logo substituído por outro mais “light”.
Dilma, por sua vez, cobrou um programa de governo de Serra, já que ele se limitou a apresentar apenas trechos de dois discursos feitos ao lançar sua candidatura.
Como se dizia antigamente, é o roto falando do rasgado. Parece que começou um leilão para ver quem promete uma vida ainda melhor que o outro, quem oferece mais benesses aos eleitores. Quem dá mais?
Numa viagem de trem ao subúrbio de Bangu, no Rio, quinta-feira, o candidato da oposição prometeu de tudo para todos nas áreas prioritárias indicadas pelas pesquisas: saúde, educação, transportes, segurança.
De metrô de superfície à criação do ProTec, “o ProUni do ensino técnico”, com a criação de um milhão de vagas, da construção de 150 AMEs (Ambulatório Médico de Especialidades) ao acompanhamento das gestantes até o parto, da criação de um ministério para a segurança pública e outro para os deficientes, à melhoria da qualidade da Educação, nada escapou.
“O governo federal tem que mergulhar nisso, não ficar só no tro-ló-ló. Temos que valorizar os professores e dar treinamento”, disparou Serra, entre uma promessa e um ataque. Na véspera, Serra já tinha prometido não só manter como multiplicar e aumentar os benefícios do Bolsa Família.
Com mais problemas dentro da sua própria horta do que do lado de fora, Dilma passou a semana tendo que responder às críticas de Serra e da imprensa pela lambança de apresentar no mesmo dia dois programas de governo. Acusada de ameaçar a liberdade de imprensa, contra-atacou mirando no adversário:
“Eu sou inteiramente comprometida com a liberdade de opinião e expressão no país e com a liberdade de imprensa () Jamais telefonamos para uma redação para nos queixarmos de nenhum jornalista. Não temos essa prática. Não sei se todos neste país têm a mesma prática”.
Em entrevista à rádio Tupi do Rio, nesta sexta-feira, Dilma voltou a se defender, atacando: “Quem acha que não erra é um presunçoso. Quando erramos temos que falar que foi um erro e tomar providencias para não errar outra vez. Os meus adversários, aliás, “o” meu adversário, sistematicamente, erra”.
Dilma prometeu combater a pobreza e transformar o Brasil num país de classe média, ao mesmo tempo em que Serra dá ênfase nas suas propostas de melhorias na área social, o campo de batalha escolhido pelos dois neste início de campanha oficial.
Mas parece que a freguesia, quer dizer, o eleitorado, não se interessou muito até agora pelo cardápio apresentado, a julgar pelo clima de indiferença notado na campanha eleitoral, mesmo depois que o Brasil caiu fora da Copa.
De um lado e de outro, por enquanto, é muito número, muita sigla, muito diagnóstico, muito bate-boca por nada, muito tro-ló-ló para pouco pirão, como diria Serra, usando sua expressão predileta.
Será que vai ser assim até o final? Faltam apenas 11 semanas para as eleições. Com a palavra, sua excelência o leitor/eleitor.
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