O penúltimo dia da nona edição do Paraty em Foco começou com a Casa de Cultura da cidade lotada. A primeira palestra de ontem (21) foi com o fotojornalista americano Stephen Ferry, que apresentou no evento o livro Violentologia – Um Manual Del Conflicto Colombiano, um impressionante registro do conflito armado no país. Suas fotos estamparam as páginas de diversas publicações.
O encontro foi mediado por Eduardo Muylaert, fotógrafo e advogado. Durante o período em que viveu na Colômbia, Ferry conseguiu transitar entre mundos diversos: guerrilheiros, Exército, paramilitares, vítimas. “O caminho é sempre o mesmo. Eu me apresentava, mas nunca garantia que fosse fazer aquilo que o entrevistado gostaria. Essa negociação pode levar meses.” Ferry se auto-define como um fotógrafo que trabalha com não ficção. Apesar das imagens chocantes que imprimiu em seu livro, ele afirmou que a fotografia precisa ter a “capacidade de emocionar”. Para ele, a cobertura das conseqüências do narcotráfico na Colômbia são registros cotidiano da violência, mas sem sensacionalismo.
O encontro com Ferry foi seguido por Rosangela Renno e Cia de Foto. A noite foi encerrada com a palestra de Li Zhensheng, fotógrafo chinês, que falou sobre seu trabalho e encantou a plateia. As fotos de Li documentam o lado oficial e a face proibida da Revolução Cultural Proletária (1966-1976) de Mao Tsé-Tung. Por décadas, ele burlou a censura e escondeu no assoalho de casa milhares de imagens consideradas negativas pelo regime. As fotografias são um raro documento de um dos episódios mais sombrios do século 20. “A personalidade de cada um de nós determina o nosso destino”. Leia também – Negativos “negativos”.
Esta edição do Paraty em Foco termina hoje, domingo (22), com o tema Curadoria na Roda, em que participarão Diógenes Moura, Rubens Fernandes Jr. E Claudi Carreras.
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