Caso do pai preso: somos um país moralista? Há controvérsias

Assuntos mais comentados

Antes de tratar do tema deste domingo, publico abaixo a relação dos três assuntos mais comentados da última semana no Balaio, na Folha e na Veja:

Balaio

O caso do pai preso no Ceará: 337

Agruras de um cliente da Net: 124 (*)

O impossível controle da web: 105

Folha

Palocci: 55

Violência: 36

Artigo de Francisco Daudt: 34

Veja

Marina Silva: 61

MST: 28

Antonio Palocci: 17

(*) Os problemas relatados nesta matéria, publicada neste blog no domingo passado, foram resolvidos pela Net no dia seguinte, 31/8. Agradeço a pronta resposta da empresa e a presteza em resolver a instalação dos serviços solicitados.

***

O caso do italiano preso no Ceará, acusado de beijar na boca a filha de oito anos numa praia de Fortaleza, dividiu o leitorado do Balaio na última semana.

Entre os 337 leitores que enviaram seus comentários até as 10 horas deste domingo, a maior parte concordou com o texto publicado e fez críticas tanto ao casal de Brasília, que delatou o turista italiano, como à atuação da polícia cearense, que o prendeu.

Mas outro contingente grande se colocou do lado dos delatores e da polícia, achando que o italiano deveria ser preso mesmo e mofar na cadeia porque agrediu nossos bons usos e costumes, praticando “atos libidinosos” com a filha. Acusado de estupro, ele pode ser condenado a 15 anos de cadeia.

Sobraram também críticas ao blogueiro, é claro, por levantar o assunto e dar sua opinião sem ter assistido aos fatos, apenas baseado no noticiário da imprensa. Argumentam estes leitores que eu deveria pelo menos esperar as investigações da polícia para só então falar do caso.

Como nenhum de nós, nem os leitores nem o blogueiro, estava na praia do Futuro naquele dia para saber o que na verdade aconteceu, o caso serviu para que cada um se manifestasse segundo os seus valores morais.

Os comentários dos leitores dão uma boa amostra sobre o que os brasileiros pensam da relação entre pais e filhos, do que pode e do que não pode, do papel da polícia e do Judiciário nestes casos. Vale a pena ler a área de comentários deste post publicado na sexta-feira.

Só para dar uma idéia, reproduzo trechos de alguns comentários:

Mauro Rodrigues Júnior, das 18:39:

“Pois é Estamos regredindo para a Idade Média. Logo, logo teremos fofoqueiros fazendo denúncia falsa de vizinho só por vingança e a polícia aceitar sem questionamentos”.

José Ribeiro Jr., das 15:52:

“Experimentem beijar seus filhos e filhas pelo menos nas despedidas e nos reencontros. Não façam como eu, que fui dar o primeiro beijo no meu pai no caixão”.

Olavo Antunes, das 14:00:

“Italiano tarado, tem de ficar preso mesmo! Imagine ainda em público! Parabéns ao casal de Brasília e à eficiente polícia cearense”.

Percival Santos, das 12:06:

“Eu particularmente condeno o beijo na boca nessas condições, seja selinho ou outro. Como também condeno e proibo o banho entre pais e filhos mesmo sendo do mesmo sexo”.

A única conclusão a que cheguei é que não dá pra tirar conclusão nenhuma. Não dá para dizer que o brasileiro é assim ou assado, moralista ou liberal, conservador ou anarquista – a controvérsia é generalizada.

Há preocupantes sinais de intolerância nos comentários, muitos não aceitando os que pensam diferente, como se fosse possível regular o comportamento humano, em relações tão delicadas como as que envolvem pais e filhos, chamando a polícia cada vez que algo não nos agrada.

Como a polícia até agora não apresentou qualquer prova contra o turista, que continua preso desde terça-feira, nem surgiram fatos novos nas investigações, além da acusação inicial do casal de Brasília, prefiro ficar com a versão da mãe da menina, que estava junto com ela e fez uma veemente defesa do marido, com quem está casada há 11 anos.

“Se houvesse malícia, eu ficaria ao lado da minha filha. Não pensaria ficar duas vezes em ficar do lado dela”, disse a mulher do preso à Agência Brasil.

“Em nossa casa, não há nada que possa indicar abuso. É uma menina serena, alegre. Ela é muito apegada ao pai e ele também com ela. Ela é filha única. Acho que destruíram a nossa família”.

Se a mãe da menina tiver razão, e o pai for inocente, quem vai pagar por isso? Quem cuidará dos traumas que esta família, em especial a filha de oito anos, carregará pelo resto da vida?

***

Em tempo: na próxima sexta-feira, dia 11, quando este Balaio completa um ano no ar, vai ter um encontro de leitores, por iniciativa deles próprios, no bar Espetinho, Cerveja & Cia. (rua Canuto do Val, 41, Santa Cecília, no centro de São Paulo), a partir das 20h30.


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