Cenas da vida real entre o hospital e o futebol

O domingo amanheceu bonito, com o sol se abrindo as poucos em São Paulo e logo chega a notícia de que minha filha Carolina deve sair hoje do hospital, depois de quase três semanas internada.

Bom demais para o grande dia em que meu tricolor pode se tornar hexacampeão brasileiro no Morumbi e a cidade se prepara para uma grande festa. Acho que por isso acordei hoje com vontade de escrever esta crônica, coisa cada vez mais rara ultimamante.

Minha outra filha, Mariana, ligou agora há pouco para contar que a Bebel, a neta do meio e única são-paulina, já está de uniforme do time cantando o hino do São Paulo, dançando em cima da cama dos pais, para desgosto do Fernando, meu genro palmeirense.

Como ando pela cidade sempre a pé ou de táxi (só pego o carro para viajar), ontem conheci mais uma figura carimbada que vocês precisam conhecer. Depois de comer uma bela mini-feijoada por módicos R$8,00 na Lanchonete Ministro, ao voltar para o hospital à tarde, subi no táxi comum de uma figurinha carimbada.

De bem com a vida e muito falante, Rozendo Ribeiro é um desses filósofos urbanos que tem frase pronta pra qualquer assunto. Quando lhe perguntei onde era seu ponto, falou que não tinha.

“Eu fico rodando pela cidade igual notícia ruim”.

Conta que no seu trabalho se sente sempre entre o céu e o inferno, mas não reclama, ri dele mesmo.

“Quando chove, o passageiro me faz sinal e eu páro, ele fala que eu caí do céu. Se não páro, me manda para o inferno”.

Junto à porta de entrada, do lado de fora do hospital, único lugar onde ainda há cinzeiros, os acompanhantes dos pacientes vão fazendo novas amizades, cada um relatando um drama maior do que o outro.

Mas como estava com a camisa do São Paulo, um pessoal do Espírito Santo veio conversar comigo para falar de coisa boa. Lá na cidade deles, em Vila Velha, me contaram que tem um restaurante chamado Delira.

O dono, um são-paulino fanático, criou ali o Clube do Uísque, onde só podem entrar torcedores do seu time. Em dia de jogo do tricolor, como hoje, fecha o restaurante para os sócios do clube, quer dizer, da sua confraria.

É o São Paulo se espalhando pelo Brasil. Está na hora de alguém fazer uma nova pesquisa sobre as maiores torcidas do país. Desconfio que o tricolor já está na frente também nesta disputa.


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