“Chico amargou geladeira cruel”, diz Mario Viana, autor e escritor

Mario Viana, dramaturgo, jornalista e coautor da novela Máscaras, que estreia dia 10, às 22h, ficou consternado com a morte de Chico Anysio. E deu contundente depoimento exclusivo à equipe de Brasileiros:

“Ainda estou sob o susto da notícia da morte de Chico Anysio. Ele estava doente há meses, mas o ponto final de um humorista é sempre impactante. E eu me pego imaginando quem estará no caixão, na hora do enterro. Pantaleão? Professor Raimundo? Painho? Bozó? Alberto Roberto? Bento Carneiro, o vampiro brasileiro? Salomé, a professora do Figueiredo? Tim Tones? Seu Popó? Haroldo, o ex-gay? Ou Justo Veríssimo, o símbolo mais que perfeito das nossas mazelas políticas?

Chico Anysio era plural, numa época em que efeito especial era apenas uma maquiagem bem feita, uma voz estudadíssima e o tempo de humor adequado à criatura que estava em cena. Chico não soube aceitar ou preferiu peitar as novas gerações de humoristas, correndo o risco de passar por antiquado e refratário a mudanças. Meteu a boca no trombone e deu a cara a tapa contra o poder da Rede Globo. Amargou uma geladeira cruel, pois não há maldade maior do que condenar um artista ao silêncio. De nada valeram as tentativas do poder hierárquico. Os poderosos de ontem apearam-se do trono, mas Chico – o bobo da corte – é quem será pranteado nesta sexta-feira por todo um país”.


Comentários

Uma resposta para ““Chico amargou geladeira cruel”, diz Mario Viana, autor e escritor”

  1. vou engrossar a fila de alguém que disse “chico morreram hoje”. o cara é plural.

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