A presença do cantor, compositor e escritor, Chico Buarque de Hollanda, na plateia da 52ª edição do Prêmio Jabuti, na noite de quinta-feira (4), na Sala São Paulo, já era um prenúncio de que a festa de entrega dos premiados das 21 categorias, com destaque para romance, poesia, contos e crônicas e biografia, seria animada e traria surpresas. Enquanto aguardava para receber seu prêmio do segundo melhor romance do ano passado, pelo livro Leite Derramado (Companhia das Letras), Chico Buarque foi “atacado” pelas fãs, que queriam tirar uma foto com o ídolo. Os homens também tietaram. Chico Buarque foi simpático e atendeu a todos.
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A festa foi apresentada por Cunha Jr., da TV Cultura, com algumas intervenções de Zeca Camargo, Regina Duarte e Lima Duarte, que leram trechos de obras dos autores premiados. Outra grata surpresa foi o showzinho da Mônica Salmaso, que antes do anúncio dos ganhadores do Livro do Ano (Ficção e Não-Ficção), cantou três belas músicas. A presença da cantora tinha muito a ver com o Leite Derramado de Chico Buarque (vencedor como Melhor Livro do Ano de Ficção, tanto na votação dos internautas, novidade do Jabuti deste ano, quanto na votação dos editores, críticos, jornalistas e jurados). Segundo Chico disse na época, a ideia do seu livro nasceu de uma de suas belas músicas, O Velho Francisco, regravada por Mônica alguns anos atrás. Ele tinha se esquecido da letra e, ao escutar Mônica cantá-la, na regravação, nasceu o embrião do seu livro e do seu personagem.
No entanto, a maior surpresa da noite estava reservada para a psicanalista Maria Rita Kehl. Quando subiu ao palco para receber seu Jabuti pelo primeiro lugar na categoria Melhor Livro de Educação, Psicologia e Psicanálise, com o livro O Tempo e o Cão – a atualidade das depressões(Boitempo), ela foi bastante aplaudida, ou melhor, foi ovacionada pelo público presente na Sala São Paulo. Muitos já estavam atribuindo a ovação ao episódio do cancelamento da coluna que Maria Rita Kehl tinha no jornal O Estado de S. Paulo. Em 2 de outubro, véspera do primeiro turno da eleição, ela escreveu um artigo criticando os que desqualificavam os votos dos pobres, leia-se classes D e E, os principais eleitores de Dilma Rousseff e os maiores beneficiados das políticas sociais do governo Lula.
No final da entrega dos prêmios, Maria Rita Kehl falou rapidinho com o site da Brasileiros.
Brasileiros – Surpresa com o prêmio de Livro do Ano de Não-Ficção?
Maria Rita Kehl – Vou ser sincera para você: estou realmente surpresa. Eu esperava que meu livro ganhasse como livro do Ano Não Ficção pela votação dos internautas (ela acabou não ganhando), mas nunca pela votação dos editores, jornalistas, jurados. Estou muito feliz!
Brasileiros – Está ainda chateada com o episódio do artigo no jornal O Estado de S. Paulo?
M.R.K. – Agora não, mas fiquei muito revoltada. O que eles fizeram foi um absurdo. Mas, reconheço que isso reverteu favoravelmente para mim, quando começaram os apoios por parte da imprensa, inclusive do editorial que o Hélio Campos Mello fez para a revista Brasileiros no mês passado. Por favor, agradeça a ele por mim. Eu adorei a lucidez e a coerência do seu editorial.
Brasileiros – O que mais lhe marcou nesse episódio?
M.R.K. – Foi constatar que um jornal que reclamava de estar sob censura demitisse alguém só porque ela estava expressando a sua opinião, que era diferente da sua. Paradoxal e absurdo. Mas estou indo muito bem, obrigado.
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