Os assuntos mais comentados pelos leitores na última semana:
Balaio
Dilma-Lula: 462
Os ventos da campanha: 155
O Brasil que gosta do Brasil: 144
Folha (de um total de 791)
Mudanças na Folha: 11,5%
Irã: 10,4%
Eleições: 7,2%
Veja (não publica números)
Afeganistão
Deboche petista da lei eleitoral
Convocação da seleção brasileira
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Como os leitores podem observar no levantamento acima, a partir desta semana a Folha deixou de publicar o número de mensagens recebidas pelas matérias mais comentadas da semana, optando por divulgar o percentual obtido por cada uma sobre o total de cartas recebidas (791). A revista Veja, já há algum tempo, também havia deixado de publicar o número de mensagens enviadas sobre os assuntos mais comentados pelos seus leitores.
Diante disso, acho melhor deixar de publicar aqui este ranking semanal, prática adotada desde a primeira semana do Balaio, com os números do Balaio, da Folha e da Veja, fazendo uma comparação do blog com as duas publicações impressas de maior circulação no país.
O objetivo era apenas mostrar aos próprios leitores quais os temas que mais provocaram comentários, de acordo com o seu grau de interesse. Com a mudança de critérios da Folha e da Veja na divulgação deste ranking, deixa de ter sentido prosseguir com esta publicação, que faço pela última vez neste domingo.
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Foi uma semana bastante atribulada para mim, que começou em Pernambuco e terminou num hospital em São Paulo, o que me impediu de fazer, como de hábito, a atualização do blog e a moderação de comentários.
Entre uma viagem e outra por terras nordestinas, acabei esquecendo de escrever sobre um cenário eleitoral que me chamou a atenção tanto no Ceará como em Pernambuco.
Nestes dois estados, a quatro meses das eleições, a parada já parece decidida. Os governadores Cid Gomes e Eduardo Campos, ambos do PSB, estão praticamente reeleitos por absoluta falta de adversários viáveis.
No Ceará, a disputa eleitoral se limita ao Senado, já que ainda não apareceu ninguém de peso para enfrentar Cid, até aqui correndo como candidato único.
Em Pernambuco, Eduardo Gomes ganhou há poucos dias um adversário, o ex-governador Jarbas Vasconcelos, dissidente do PMDB, que resolveu ir para o sacrifícocom o único objetivo de oferecer um palanque para o seu aliado José Serra.
Mesmo sem qualquer chance de ameaçar Eduardo Campos, um dos governadores mais bem avaliados do país, que está na faixa de 60% nas pesquisas, Jarbas, que não parece nem um pouco animado com a campanha, ainda corre o risco de mais tirar do que dar votos a Serra. Afinal, ele passou os últimos anos batendo pesado em Lula, um mito em sua terra natal, de quem até o candidato tucano só fala bem quando passa pelo Nordeste.
Pelo menos no Ceará e em Pernambuco, esta eleição promete poucas ou nenhuma emoção. É jogo jogado, como diria o Elio Gaspari.
Elifas Andreato e as “Cores da Resistência”
Sábado foi um dia de reencontrar velhos amigos e resgatar um pedaço da história de cada um de nós, tendo por cenário o antigo e temido prédio do DOPS, no Largo General Osório, agora transformado em Memorial da Resistência de SãoPaulo.
Com curadoria de JC Bruno, o nosso grande artista Elifas Andreato abriu uma exposição, que fica em cartaz até 24 de outubro, com algumas das suas obras mais importantes produzidas durante a ditadura militar – cenários de teatro, capas de discos e livros, cartazes com “As Cores da Resistência”, o nome dado à mostra.
Jovens estudantes misturaram-se a velhos combatentes da cultura e da imprensa para assistir a um debate sobre o período com a participação de Audálio Dantas e Fernando Morais, dois dos mais importantes jornalistas da minha geração.
Depois do evento, como era de lei nos sábados daqueles tempos tenebrosos, fomos comer uma feijoada no velho Amarelinho, um boteco da melhor qualidade, ali mesmo na praça General Osório, para onde os repórteres iam depois das longas coberturas no DOPS.
Entre tantas histórias contadas à mesa, lembrei-me de uma passagem insólita da qual foi protagonista minha amiga Gisela Bisordi, já falecida. Numa tarde particularmente agitada na sala do sinistro delegado Sergio Fleury, após mais uma série de prisões, a repórter da Folha foi até a janela e chamou todo mundo para ver: “Olha, pessoal, que belo arco-íris!”.
Na apresentação da mostra, Elifas colocou a frase que ele me disse em entrevista para a Brasileiros, que resume bem o pensamento e o sentimento deste artista incomum, um autodidata que, com suas armas – o lápis, a caneta e o papel – registrou com arte e coragem um pedaço da nossa história:
“Preciso preservar a minha capacidade de resistir”.
Valeu, Elifas.
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