Cientistas argentinos criam método para ‘enganar’ Aedes Aegypti

Pesquisadores do Centro de Investigaciones de Plagas e Insecticidas, na Argentina, desenvolveram uma maneira de “enganar” a fêmea do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. O feito, um tipo de armadilha que ajuda a monitorar e a matar o mosquito, foi publicado no Journal of Medical Entomology nesta quarta-feira (6).

A medida apresentada é simples, mas eficaz. Cientistas pegaram um copo feito de um plástico capaz de absorver o larvicida pyriproxyfen. A substância foi injetada. O truque usado foi encher o recipiente com água para atrair a fêmea do mosquito. No contato com o líquido, o pyriproxyfen foi liberado e impediu que as larvas do Aedes chegassem à fase adulta. 

O pyriproxyfen utilizado no experimento foi o mesmo envolvido em várias polêmicas sobre uma possível influência nas más-formações. As hipóteses foram rejeitadas pelo Ministério da Saúde. Médicos sanitaristas ligados à Fiocruz, no entanto, criticaram veementemente a presença do composto em água potável.

Na iniciativa da pesquisa, no entanto, o uso do larvicida é seguro porque ele só é liberado na presença da água e fica restrito ao copo – sem contato com seres humanos. Antes, a principal crítica ao composto é que ele chegou a ser colocado em caixas d’águas em concentrações muitas vezes não seguras para consumo.

A armadilha usada no estudo eficaz em 100% dos casos. Imagem: Centro de Investigaciones de Plagas e Insecticidas
A armadilha usada no estudo eficaz em 100% dos casos. Imagem: Centro de Investigaciones de Plagas e Insecticidas

Cientistas testaram a invenção em 100 mosquitos Aedes e ficou demonstrado que o composto foi eficaz em 100% dos casos. Mesmo injetado no plástico, o larvicida impediu que todas as larvas se transformassem em mosquitos adultos.

“A nossa pesquisa mostrou que o pyriproxyfen foi liberado imediatamente na água e inibiu o crescimento das larvas em 100% por 30 semanas. Além disso, as armadilhas continuaram a mostrar uma elevada atividade larvicida, mesmo após mais de 20 lavagens”, diz o texto do artigo. 

“Os resultados mostram que esse método pode ser uma ferramenta eficaz, barata e de baixa manutenção para o controle e vigilância do Aedes.”

Agora, o próximo passo do estudo é verificar a eficácia do truque fora do laboratório. Uma das limitações do uso da armadilha no meio ambiente, no entanto, é que o recipiente pode competir com outros. Por isso, pesquisadores afirmam que o esforço atual de eliminar água parada em pequenos recipientes, além de ajudar no controle natural do mosquito, também aumentaria a eficácia da armadilha caso ela chegue a ser efetivamente usada.

Fonte:

Biological and Chemical Characterization of a New Larvicide Ovitrap Made of Plastic With Pyriproxyfen Incorporated forAedes aegypti (Diptera: Culicidae) Control. Disponível em: http://jme.oxfordjournals.org/content/early/2016/03/25/jme.tjw022


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