Se depender de um novo projeto que envolve várias universidades e empresas europeias, mentir nas redes sociais vai se tornar algo mais constrangedor. Segundo Rory Cellar-Jones, correspondente de tecnologia da BBC, o projeto batizado de Pheme, nome da deusa grega do rumor, vai de encontro a uma tendência crescente: a de analisar o que é publicado em redes sociais para extrair disso informações valiosas.
O sistema será uma espécie de detector de mentiras da internet e tentará checar rumores que circulam em fóruns online e em redes sociais. Com duração prevista de três anos, o Pheme analisará em tempo real se uma publicação é verdadeira e identificará se uma conta ou perfil de uma rede social foi criada apenas para espalhar informações falsas.
Mas por que criar um detector de mentiras destinado à Internet? Segundo informações da BBC Britânica, o objetivo é ajudar organizações, inclusive governos e serviços de emergência, a responder de forma mais efetiva a novos acontecimentos. O Pheme surgiu a partir de uma pesquisa sobre o uso de mídia social durante os conflitos de Londres em 2011. Na ocasião, a cidade sofreu uma série de manifestações violentas com confronto da polícia metropolitana. Os conflitos começaram depois do assassinato de um civil, morto por uma ação da polícia. Após a morte de Mark Duggan, manifestações que pediam por esclarecimentos da polícia começaram pacíficas, porém atingiram proporções violentas por vários distritos da capital inglesa.
“As redes sociais também dão acesso a informações úteis. O problema é que tudo isso acontece muito rápido e não conseguimos diferenciar o que é verdade do que é mentira com a mesma velocidade. Isso torna difícil reagir a rumores, por exemplo, impedindo que serviços de emergência invalidem uma mentira para manter a tranquilidade em uma dada situação”, disse Kalina Bontcheva, pesquisadora-chefe do projeto na Universidade de Sheffield.
Rory Cellar-Jones lembra que já existe uma técnica conhecida como ‘análise de sentimentos’, que vasculha as redes sociais para detectar padrões e definir, por exemplo, qual filme será um sucesso ou qual candidato de uma eleição se saiu melhor em um debate. “Até agora, a precisão e qualidade dos seus resultados varia bastante. Então, acreditar que técnicas similares serão capazes de distinguir o que é verdade ou mentira nas redes sociais é um tanto otimista”, completa.
De acordo com os pesquisadores, os rumores online serão classificados em quatro tipos. Especulação, no caso de haver, por exemplo, uma alta na taxa de juros; controvérsia, má informação e desinformação, no caso de uma informação falsa for disseminada intencionalmente. O sistema também categorizará as fontes das informações para avaliar sua autoridade. Elas incluirão serviços de notícias, jornalistas, especialistas, testemunhas, cidadãos e bots – contas que publicam automaticamente em redes sociais. O sistema também examinará o histórico de uma conta para identificar se ela foi criada apenas para disseminar rumores falsos.
Com informações da BBC
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