Cinema na Riviera Francesa

O Tapete Vermelho da Riviera Francesa será estendido nesse dia 11, à noite, quando o filme Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris), de Woody Allen, dará largada para a Mostra Competitiva de Longas-Metragens da 64a Edição do Festival de Cannes. Vinte filmes selecionados para essa mostra disputarão a tão desejada Palma de Ouro, sendo alguns deles com diretores velhos conhecidos de Cannes e do resto do mundo.

O cineasta espanhol Pedro Almodóvar é um dos badalados participantes. Ele, que nunca ganhou o prêmio, apresentará seu filme La Piel que Habito que retorna sua parceira com o astro Antonio Banderas. O último filme que o ator fez com o diretor espanhol, antes de virar um astro de Hollywood, foi Ata-me!, de 1990.

Outro diretor já credenciado em Cannes é o italiano Nanni Moretti. Em 2001, seu filme O Quarto do Filho foi premiado com a Palma de Ouro. Neste ano, o cineasta exibirá Habemus Papam, no qual o ator Michel Piccoli faz o papel do Papa que, em crise, vai procurar um divã. Com toda certeza, a Igreja Católica se sentirá provocada por essa nova comédia do diretor.

O diretor americano Terrence Malick, conhecido pelos seus lentos e longos planos, apresentará o A Árvore da Vida (The Tree of Life), que tem os atores Brad Pitt e Sean Penn no elenco. O filme foi rodado no Texas e parte dele se passa nos anos 1950, quando a família de Jack (Hunter McCracken) irá conviver com a perda de um de seus filhos. O filme continua no futuro, quando Sean Penn, um homem de meia idade, tenta conviver com um mundo pós-moderno ao qual não consegue se adaptar.

Hoje em dia, Sean Penn não é reconhecido apenas como um dos atores mais completos do mundo, mas também como um respeitado diretor. Tanto é que ele tem declarado que pretende se dedicar mais à direção, deixando para segundo plano a atuação. Por isso, é surpreendente que ele esteja no elenco de outro filme selecionado para a mostra, o This Must be the Place, do diretor italiano Paolo Sorrentino, realizador do filme O Crocodilo. No filme, o ator faz o papel de um roqueiro que passa por uma jornada infernal para encontrar o assassino nazista do seu pai. Pelo histórico de Sean Penn, não é nada prematuro falar que, desde já, o ator é um forte candidato ao Prêmio de Interpretação Masculina do Festival de Cannes.

Outros filmes aguardados da mostra são: Le Havre, de Aki Kaurismäki, Melancholia, do polêmico diretor dinamarquês Lars von Trier e Le Gamin au Vélo (O Menino na Bicicleta), dos irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne. Os irmãos-cineastas já venceram duas vezes o prêmio pelos filmes A Criança e O Filho e podem se tornar os grandes recordistas da Palma de Ouro. Caso vençam, eles passariam à frente de diretores como Francis Ford Coppola, Bille August e Emir Kusturica, que ganharam o prêmio duas vezes.

Nunca é demais lembrar que Cannes não é um festival previsível e filmes de diretores menos badalados podem causar grandes surpresas. Por isso, fiquem de olho em Sleeping Beauty, de Julia Leigh, Ichimei, de Takashi Miike e Refn’s Drive, de Nicolas Winding.

Presença Brasuca
Nessa edição de Cannes, o Brasil será representado por três filmes selecionados para diferentes mostras do festival. Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marco Dutra, disputará o prêmio de melhor filme na Mostra “Um Certo Olhar”, enquanto o diretor Karim Aïnouz irá exibir o seu novo filme, O Abismo Prateado dentro da “Quinzena dos Realizadores”, uma das mais interessantes mostras paralelas de Cannes. O filme é baseado na música Olhos nos Olhos, de Chico Buarque e traz Alessandra Negrini no papel de uma mulher abandonada pelo marido. Encerrando nossa participação na 64a do Festival de Cannes, temos o curta-metragem Duelo Antes da Noite, de Alice Furtado, que foi selecionado para a Mostra Cinéfondation, dedicada a trabalhos de conclusão de curso de alunos de cinema. Esperamos que o Brasil faça bonito em Cannes neste ano e, se possível, saia com algum prêmio. E, quem sabe, no próximo ano conseguiremos emplacar um filme brasileiro na disputa pela Palma de Ouro.

Os prêmios do Brasil em Cannes
Logo nos primeiros anos do festival, o Brasil começou a marcar presença e a ganhar prêmios. Tudo começou em 1953, com o filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, que saiu vencedor na categoria de Melhor Filme de Aventura de Cannes. A Palma de Ouro viria logo em 1962, com o filme O Pagador de Promessa, de Anselmo Duarte, o Brasil chegava ao topo de um dos mais prestigiados festivais de Cinema do mundo. No entanto, outros prêmios viriam para o País. Em 1977, Glauber Rocha ganhou o prêmio de melhor diretor pelo filme O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro. Essa lista iria aumentar com dois prêmios de interpretação feminina. Um para a atriz Fernanda Torres, pelo filme Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor, filmado em 1986. E o outro mais recentemente, para Sandra Corveloni, em 2008, pelo Linha de Passe, de Walter Salles.


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