Clássico policial em alta definição

agenteHouve um tempo em que o hoje celebrado e cultuado diretor de cinema Clint Easwood era ator quase exclusivo de filmes policiais. Aconteceu na sombria e marcante década de 1970 – e se estendeu até a seguinte -, período em que o gênero praticamente foi reinventado por diretores adeptos da transgressão, como William Friedkin (Operação França), Sidney Lumet, (Um dia de Cão) e  Michael Winner (Desejo de Matar). Eastwood fizera antes, nos anos de 1960, uma sólida carreira em longas de bangue-bangue, três deles dirigidos pelo mestre Sergio Leone: Por um Punhado de Dólares (1964), Por Uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966). Mas foi com a série hoje reverenciada Dirty Harry que ele escreveu um novo capítulo em sua biografia.

No primeiro filme, Perseguidor Implacável, de 1971, dirigido pelo gênio da ação Don Siegel, Eastwood interpreta pela primeira vez o detetive Harry Callahan e revigora o filme policial sem o moralismo dos filmes noir dos anos de 1940 e 1950, obrigados a obedecer um manual de regras de boas condutas dos personagens. Callahan é um policial que faz qualquer coisa em nome da lei, inclusive atropelar os limites legais, quando enfrenta bandidos. Ele impõe sua própria filosofia para acabar com o “lixo humano” que polui a cidade de São Francisco. Não hesita, por exemplo, em espancar ou torturar criminosos. Dirty Harry originou sequências que arrastaram multidões aos cinemas, como Magnum Force (1973), Sem Medo da Morte (1976), Impacto Fulminante (1983) e Dirty Harry na Lista Negra (1988).

Em 1984, o ator fez uma pausa em Callahan para interpretar Wes Block, no ótimo Um Agente na Corda Bamba, que acaba de sair no Brasil em blu-ray. A aventura se passa em um bairro francês na cidade de Nova Orleans, onde o detetive Block recebe a missão de descobrir um serial killer que mata mulheres jovens e belas, depois de estuprá-las. Até que as mortes assumem um caráter pessoal, no momento em que o criminoso escolhe para atacar garotas conhecidas do policial. E piora quando suas filhas ficam na mira do assassino. Divorciado, ele se envolve com Beryl Thibodeaux que também se torna uma provável vítima do assassino. O título em português vem do fato dele lutar consigo próprio para ser o homem que quer ser e deixar para trás o homem que ele teme ser.

Block chama atenção por um tipo bem mais complexo que o habitual herói dos filmes policiais. Eastwood, em uma das interpretações mais marcantes de sua carreira, vive uma história tensa, em um filme dos mais sombrios. Seu personagem tem de quebrar a cabeça em uma investigação difícil em que o assassino não deixa pistas, só alguns fragmentos que não mostrava mais que o necessário, o que ele queria que aparecesse. O mocinho leva vantagem no final, claro.


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