A mudança é radical, e representativa de um momento em que os crimes da ditadura militar brasileira começam (ainda lentamente) a ser investigados pelas comissões da verdade em todo o País: o antigo Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, na Bahia, que trazia o nome de um dos mais sanguinários governantes da história brasileira, passa a se chamar Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella.
Sai o nome do ex-presidente e entra o de um dos principais líderes da esquerda do século 20, assassinado pela ditadura militar em 1969, após uma vida de militância no partido comunista e posteriormente na Aliança Nacional Libertadora, principal grupo guerrilheiro da época.
A mudança de nome já tinha sido anunciada em 2013, mas especulações sobre uma possível recusa ainda pairavam. O governo da Bahia colocou ponto final no assunto ao publicar no “Diário Oficial” do Estado a nova denominação, sacramentada em portaria do secretário da Educação, Osvaldo Barreto Filho, veiculada na sexta-feira.
Segundo o jornalista e biógrafo Mário Magalhães, autor de “Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo” (Cia. das Letras), só na rede pública brasileira de ensino básico ainda há quase mil escolas com nomes de presidentes da ditadura. O general gaúcho Médici (1905-1985), no caso, governou o Brasil de 1969 a 1974, nos anos mais violentos e repressivos do regime – durante os quais Marighella e muitos outros opositores foram assassinados.
O pedido para a substituição do nome ocorreu em dezembro, quando houve uma eleição da qual participaram professores, funcionários, estudantes e pais de alunos do colégio. Marighella foi o mais votado (406 votos ou 69%), seguido do geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001), com 128 votos. Os votos nulos somaram 25, e os brancos, 27.
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