Com mensagem de inclusão social, filme Colegas estreia nesta sexta

Funcionária de uma rede de farmácias em São Paulo, Rita Pokk trabalhava como suporte operacional em mais um dia comum quando o telefone da loja tocou. Do outro lado da linha, procuravam por ela.  “Eu pensei que era a minha mãe, mas quando atendi era o próprio Marcelo Galvão. Ele fez a proposta e eu falei: ‘eu quero realizar esse sonho’”, conta ela, visivelmente emocionada. “Desde criança eu queria ser atriz de cinema.”

E ela conseguiu. Depois de participar do documentário Do Luto à Luta (2005), de Evaldo Mocarzel, Rita, de 32 aos, e o marido Ariel Goldenberg, de 31, ambos com síndrome de Down, interpretaram diferentes papéis em novelas, peças e seriados. Agora, o casal que se uniu oficialmente há 10 anos alcançou junto o sonho de protagonizar um longa de ficção, Colegas, filme que estreia nesta sexta-feira, dia 1º.

Dirigido por Marcelo Galvão, o filme conta a história de três jovens com síndrome de Down que vivem em uma instituição educacional e que resolvem fugir após assistirem o filme Thelma & Louise (1991), de Ridley Scott. Responsáveis pela videoteca do internato, o trio de cinéfilos rouba o Karmann Ghia do jardineiro Arlindo (Lima Duarte) para ir atrás de seus sonhos.

Stalone (Ariel) quer ir para a mitológica Atlandita encontrar sua mãe. Aninha (Rita) quer encontrar um músico para se casar e rever seus pais, e Marcio (Breno Viola) quer voar para chegar até o céu, onde acredita que encontrará sua família.  Com referências a filmes como Pulp Fiction, Casablanca, E o Vento Levou, Cidade de Deus e outros, o trio percorre diferentes locais do Brasil até a Argentina em uma aventura lúdica e repleta de elementos fantásticos.

A inspiração para o roteiro veio de Márcio, um falecido tio do diretor Marcelo Galvão que possuía síndrome de Down. “Por ter crescido com esse tio eu resolvi escrever um filme não que falasse sobre síndrome de Down, mas que tivesse essa energia boa deles”, explica o cineasta. “Eles têm muitas coisas que ajudam muito o diretor. O que atrapalha às vezes acaba sendo a dicção, que você precisa refazer, mas eles têm muito mais qualidade do que defeitos em relação a atuar”, completa ele, que conheceu Ariel e Rita através da amiga Marília Gabriela.

“Antigamente tratavam a gente como mongolóide, e esse filme vai mostrar que nós somos capazes de fazer quase tudo. A gente não é coitadinho, a gente pode fazer, pode trabalhar, assim como vocês”, afirma Breno Viola, o outro protagonista da película. Carioca, o ator de 32 anos decidiu investir na dramaturgia após conquistar seus objetivos em outra disputada área, o esporte. “Eu sou faixa preta de judô, consegui realizar esse sonho no final de 2002. Também sou árbitro estagiário e treino todo dia, com preparação física das 4h da tarde às 10h da noite.”

Ao longo da trama, o trio de protagonistas realiza pequenos assaltos à loja de conveniência e restaurantes, ações que despertam um trio de investigadores interpretados por Deto Montenegro, Leonardo Miggiorin e pelo português Rui Unas. A atriz Juliana Didone e o humorista Marco Luque também participam do filme, que em agosto do ano passado venceu o Kikito de melhor filme no festival de Gramado, ocasião em que também angariou os prêmios de direção de arte e especial do júri.

À espera de Sean

O sucesso alcançado pelo longa no festival não foi conquistado de forma fácil, como lembra Ariel. “Durante as filmagens nós precisávamos enfrentar chuva, enfrentar frio”, lembra ele, que se tornou sucesso nas redes sociais nas últimas semanas.

A razão foi um vídeo produzido pela equipe do filme contando sua história e convidando seu ídolo Sean Penn a vir assistir a estreia do filme. “Eu comecei a atuar depois que eu vi os filmes dele. Ele é meu ator favorito”, conta Ariel, que confessa ter se tornado fã do ator após assistir o filme I Am Sam (2001).

Apesar do sucesso da campanha “Vem Sean Penn”, o ator norte-americano ainda não deu pistas de que deve vir ao Brasil. Nada que desanime Ariel, que revela que pretende continuar atuando e buscando seu espaço na dramaturgia. “Se eu tiver oportunidade de fazer outros filmes eu vou aceitar sim, e se eu tiver uma oportunidade de gravar novela, a mesma coisa. Também pretendo continuar com o teatro, que é algo que eu gosto muito”, conclui o ator.


Comentários

Uma resposta para “Com mensagem de inclusão social, filme Colegas estreia nesta sexta”

  1. Avatar de Sirlei Andrade
    Sirlei Andrade

    Fiquei muito contente em saber que existe pessoas preocupadas e fzendo algo diferente.p
    PARABENS

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