Para olhares atentos, as imagens criadas pelo duo Cinema de Mão não passam despercebidas. Formado pela artista multimídia Ciça Lucchesi e o fotógrafo Fred Siewerdt, o Cinema de Mão é responsável pelas projeções feitas durante shows de diversos artistas do atual circuito paulistano. Munidos de uma câmera, um software, um cabo gigante e um telão (tradicional ou improvisado), os artistas compõem cenários, ilustram canções e sugerem narrativas para quem acompanha os espetáculos. “A partir da criação das imagens, montamos videocenários que se comportam como mais um instrumento do show”, diz Ciça.
Influenciados por Nam June Paik, Norman McLaren, Ryoji Ikeda e Raimo Benedetti, o Cinema de Mão utiliza imagens captadas ao vivo, com especial atenção a planos, detalhes e técnicas mistas de animação. A dupla já criou imagens para artistas como Tatá Aeroplano, Tiê, Thiago Pethit, Juliana Kehl, Dudu Tsuda, além de fazer improvisações ao vivo nos shows de Bárbara Eugênia, Duani, Mariana Aydar, Karina Buhr, Bruno Morais, Claudia D e Casa de Caboclo, em diversas casas de São Paulo. Para cada artista, um grupo de ideias surge na tela: animação de desenhos, texturas, rabiscos com giz, desenhos em película, minimaquetes, imagens ao vivo, bonecos e objetos variados.
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Na verdade, sem querer, eu juntei os dois. A Ciça estudou comigo Comunicação em Multimeios na PUC-SP. O Fred também, mas bem depois. Coincidentemente, ele veio morar em meu prédio, ficamos amigos e ele foi assistir a um show meu e conheceu a Ciça, responsável pelas projeções. A empatia foi imediata e logo eles estavam juntos, criando imagens para nossas apresentações. O resultado foi tão bom, que outras pessoas se interessaram e os convites para outros shows não pararam mais.
Do inferninho mais improvisado ao teatro mais bem equipado, a dupla produz uma linguagem autoral e sofisticada. Em uma casa noturna sem recursos, a dupla improvisou um telão fragmentado com tiras de papel manteiga. Já no Auditório Ibirapuera, eles transformaram detalhes imperceptíveis, devido à distância entre público e músicos, em imagens abstratas integradas à música. “Ocupamos visualmente um buraco cenográfico que existe em cada show”, diz Fred. Ciça completa: “É do exagero no tratamento com as imagens que surgem os resultados mais interessantes e por muitas vezes mais sutis”.
Depois de formada, Ciça trabalhou como assistente do videoartista Raimo Benedetti e depois estudou animação em Barcelona. Ao unir-se com Fred, que também é videomaker, seu trabalho, que se resumia a animação e edição, foi acrescido pela ideia de movimentos de câmera, imagens ao vivo e novos enquadramentos, transformando a projeção em um espetáculo independente e sincronizado com o show.
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