Comissão da Verdade repudia invasão de ossário

A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva divulgou na noite de ontem (4) uma nota de repúdio aos atos de vandalismo no Ossário Geral do Cemitério do Araça, na zona oeste de São Paulo. Na madrugada do domingo (3), um grupo não identificado invadiu o local por volta das 7 horas e destruiu elementos da instalação “Penetrável Genet – Experiência Araçá”, de autoria dos artistas Anna Ferrari e Celso Sim, que leva até Ossário Geral, no centro do cemitério, onde, além das ossadas comuns, estão desde 1990 os restos mortais de 1046 pessoas desaparecidas nas décadas de 1960 e 1970 – muitas delas vítimas do terrorismo de Estado e que foram revelados na vala clandestina de Perus. 

O ato de vandalismo ocorreu logo após o Ato Ecumênico “Pelo dever e pelo direito de sepultar os mortos”, uma homenagem às vítimas da ditadura militar, que foi realizado pelo movimento por memória, verdade e justiça, em 2 de novembro, Dia dos Finados. A abertura da exposição foi adiada para esta terça-feira (5).

O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Rogério Sotilli, classificou a ação como um “vandalismo injustificável”. 

Leia a íntegra da nota de repúdio da Comissão Estadual da Verdade

A Comissão da Verdade de São Paulo “Rubens Paiva” vem a público manifestar seu repúdio à invasão do Ossário Geral do Cemitério do Araçá, ocorrida na madrugada deste domingo (3/11), quando foram destruídos elementos da instalação “Penetrável Genet / Experiência Araçá”, de autoria dos artistas Anna Ferrari e Celso Sim, que tematiza a questão dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura.

Além da destruição dos monolitos de mármore que integravam a instalação, três sacos plásticos contendo ossadas foram abertos e o conteúdo foi espalhado, o que configura, além de crime, um enorme desrespeito com os restos mortais depositados nas gavetas violadas.

Vale ressaltar que esse ato de vandalismo ocorreu logo após o Ato Ecumênico “Pelo dever e pelo direito de sepultar os mortos”. Tratou-se de uma linda homenagem às vítimas da ditadura militar, que foi realizado pelo movimento por memória, verdade e justiça, em 2 de novembro, Dia dos Finados, exatamente no mesmo Cemitério do Araçá.

Essa violência é inaceitável. As autoridades competentes devem apurar com rigor e urgência as circunstâncias e os responsáveis por essa conduta criminosa, que afetou não somente a instalação artística, mas também constituiu uma afronta à consolidação da democracia e ao respeito integral aos direitos humanos.

Diante da gravidade do ocorrido, convocamos todas e todos para estarem presentes no ato de repúdio que será realizado no dia 5 de novembro, terça-feira, às 12h, no Ossário Geral do Cemitério do Araçá. Nesse ato, também será inaugurada a obra “Penetrável Genet / Experiência Araçá”.

Pedimos que circulem em suas redes a presente nota e divulguem o mais amplamente este chamado.

Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva

Deputado Estadual Adriano Diogo – Presidente

Comissão da Verdade da Câmara Municipal

Vereadora Juliana Cardoso

Vereador Gilberto Natalini

CPMVJ – Comitê Paulista, Comitê Paulista Pela Memória, Verdade e Justiça


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