Meus caros, a declaração do deputado federal (e militar) Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro, foi tão patética, que eu achei melhor ignorar, para não praticar bloguismo marrom, mas ele insistiu em falar um absurdo desses na mídia, e não dá para ficar calado. O ilustre parlamentar, membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, já declarou, em mais de um programa de televisão, que se “O filho começa a ficar, assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele”. Esse é o mesmo homem que, em 2008, respondeu aos protestos daqueles que pediam pelo prosseguimento dos inquéritos sobre os desaparecidos políticos, com uma frase pior ainda: “O erro foi torturar e não matar”. Não, vocês não leram errado não, ele é membro exatamente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e não tem nenhum pudor em falar essas coisas, que podia torturar sim, e deveria ter matado. Na realidade, mataram muitos dos torturados, e, delinquentes pusilânimes, desapareceram com os corpos. A triste história todos nós conhecemos, e certamente dela saberemos mais agora, quando teremos uma Presidenta que foi ela mesma torturada pelos militares nos porões da ditadura. Será que Jair Bolsonaro diria que deveriam ter matado a Dilma também?
Vou limitar-me ao absurdo sobre ser a violência uma mágica solução para a masculinização de uma criança, que não apresente o grau de virilidade que o pai entenda correto. Os colegas da Comissão de Direitos Humanos tiveram o mínimo pudor de ficar constrangidos, e chamaram uma reunião para analisar o caso, na qual poderiam determinar uma punição a ele, ou mesmo expulsá-lo. Bolsonaro já abriu a reunião declarando que não retirava uma palavra sequer do que dissera. Fernando Charelli, do PDT-SP e membro da mesma comissão, defendeu o colega soltando uma pérola ainda pior: “Esse governo está querendo desmasculinizar esse País. Tirar a virilidade dos nordestinos, dos gaúchos, dos paulistas, dos mato-grossenses”. Alguém, em sã consciência, e em pleno juízo, pode acreditar que a masculinidade dos compatriotas está ameaçada por qualquer ato do governo? O resultado da reunião vocês podem imaginar – nenhuma punição. São homens assim que falam pelos direitos humanos dentro do Congresso nacional. Um deles não falará mais, pois Chiarelli não foi reeleito, mas Bolsonaro foi, e estará lá por mais quatro anos, sendo pago com nosso dinheiro, para externar o que de pior na humanidade se pode encontrar. Como cantou Gal Costa: “Brasil, mostra a tua cara, quero ver quem paga para a gente ficar assim”. Abraços do Cavalcanti
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