Crianças adoram brincar com roupa de adulto. Fantasiam, experimentam e vivem novos papéis. Nesta delicada narrativa, uma menina e sua tia vivem a intimidade da brincadeira a partir do que as estampas dos tecidos sugerem: saia de jogar xadrez, calça de pista de cavalos, blusa de mar cheia de ilhas. Um dia, a tia aparece vestindo preto e o roupeiro do tio está estranhamente vazio. A menina, então, decide colorir com suas próprias mãos o luto em que vivem. A água da tristeza transborda num vivo azul, preenchendo as páginas ilustradas por Elma. As belas imagens lembram os traços da premiada ilustradora espanhola Elena Odriozola e dialogam em harmonia com o enxuto e poético texto do estreante autor nacional Eliandro Rocha.
Roupa de Brincar
Eliandro Rocha e Elma
Pulo do Gato, 40 páginas
Yark não é um ogro qualquer. Seu paladar refinado só lhe permite devorar criancinhas bem comportadas. Caso contrário, as reações adversas são indescritíveis. Como as crianças ajuizadas estão cada vez mais raras, Yark se vê em maus lençóis. Não bastasse a escassez de alimento, ele ainda se depara com um inusitado encontro: Madeleine, a menina perfeita que chega para alterar radicalmente seu apetite. O livro é sucesso de vendas em vários países e teve aprovação do público infantil, recebendo prêmios de júris formados majoritariamente por crianças, como o Jeunes Lecteurs de l’Oise 2014.
O Yark
Bertrand Santini. Ilustrações de Laurent Gapaillard
Tradução de Joana Angélica D’Avila Melo
Pequena Zahar, 78 páginas
Lendas e mitos gregos, romanos, incas, dos índios cheiene e dos bororó são recontados com informalidade e uma pitada de humor, no limite da fidelidade aos enredos originais. Ao lado de clássicos como O Minotauro, Rômulo e Remo e O Dragão e São Jorge estão histórias menos conhecidas, como A Lavadeira no Vau do Rio, lenda celta sobre a batalha de Gabhra, repleta de referências à mitologia irlandesa. Nas páginas finais, o autor apresenta curtas descrições de monstros e armas que pertencem a várias histórias, desafiando o leitor a descobrir quais não existem e foram inventadas por ele.
Batalhas e Monstros
Anthony Horowitz. Tradução de Marilena Moraes e Fernanda Lobo
WMF Martins Fontes, 154 páginas
*Cristiane Tavares é mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC de São Paulo.
Deixe um comentário