Coronel nega ter ocultado corpo de Rubens Paiva

Ex-coronel reformado do Exército, Paulo Malhães contradiz seu último depoimento dado à Comissão da Verdade
Ex-coronel reformado do Exército, Paulo Malhães contradiz seu último depoimento dado à Comissão da Verdade. Foto: Marcelo Oliveira / ASCOM – CNV

Cinco dias após ter declarado participação no desaparecimento do corpo do ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971, durante a ditadura militar, o coronel reformado Paulo Malhães voltou atrás com seu depoimento. À Comissão Nacional da Verdade, o militar disse, nesta terça-feira (25), que não sabia se o corpo era de Paiva e negou ter sido o executor da missão. 

O coronel chegou a dizer à comissão que mentiu à imprensa, pois quis ser solidário aos parentes de Rubens Paiva. “Eu só disse que fui eu porque eu acho uma história muito triste, quando a família leva 38 anos dizendo que quer saber o paradeiro”, afirmou. “Eu não sou sentimental, não, mas tenho as minhas crises”, completou. Indagado se arrependeu do que fez, Malhães não hesitou em dizer ‘não’ e disse que achava que “cumpriu” o seu serviço. Logo depois, afirmou não saber quantas pessoas matou. 

Na semana passada, o militar deu detalhes de como teria ocultado o corpo do ex-deputado. Em entrevista ao jornal O Dia, o coronel afirmou que  a operação tinha levado algum tempo e que “foi um sufoco para achar (o corpo)”. Rubens Paiva foi preso em sua casa no dia 20 de janeiro de 1971 por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa), e foi inicialmente enterrado na Praia do Recreio dos Bandeirantes, na areia. Malhães chegou a admitir que sabia que o corpo procurado se tratava de Paiva e que recebeu a missão do próprio gabinete do Exército em 1973. 

Em entrevista ao jornal O Globo, Malhães também afirmou que os restos mortais foram enterrados numa praia e, mais tarde, desenterrados e jogados ao mar. Ao jornal, também confirmou sua responsabilidade no desaparecimento de Rubens Paiva. 

Dos três militares convocados para depor, dois alegaram problemas de saúde e não compareceram à Comissão Nacional da Verdade. São eles o coronel Rubens Paim Sampaio e o tenente de Infantaria Ubirajara Ribeiro de Souza. O coordenador da CNV, Pedro Dallari disse que a partir de agora vai pedir ajuda da Polícia Federal para que eles compareçam. “O fato de que eles estão se recusando a vir é a prova de que eles estão no caminho certo”, disse Dallari.

 

 


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