Caríssimos, com semanas de atraso, coisas de minha vida corrida, fui assistir a Wall Street 2, a continuação de um clássico de 1987, com Michael Douglas vivendo Gordon Gekko, um investidor patológico, que vende a alma por (muito) dinheiro – a família ele dá de brinde. No primeiro filme, ele faz um discurso que ficou famoso na história do cinema, em que defende a ganância, diz que ela move o universo, etc. Para quem não viveu aqueles dias, a década de 1980 foi um tempo de absoluta luxúria no mercado financeiro, com ícones como Donald Trump, a ascensão dos yuppies, etc. Só que o mercado financeiro desabou exatamente nas semanas em que o filme estreou, em uma das piores crises do século, e o retrato que o filme fez daquele mundo acabou sendo histórico. Michael Douglas teve ali um de seus melhores personagens, marcou sua carreira. No segundo filme, que estreou no Brasil há algumas semanas, Gekko sai da prisão, onde foi confinado por seus crimes no mercado financeiro, e torna-se um aparentemente inofensivo escritor de livros, evitado por muitos, inclusive por sua própria filha, que está vivendo com um jovem e ambicioso operador do mercado financeiro dos dias de hoje. Isso basta para contar muito da história, mas vocês terão de ver o filme para saber mais, não vou estragar a diversão.
Gordon Gekko é ninguém menos que o próprio diabo, um perfeito Mefisto, como já vimos em diversos filmes, senão em várias manifestações na vida real, instigando os pecados capitais na vida de jovens inocentes. Eu poderia listar muitos outros filmes aqui, e lembro Al Pacino, maravilhoso em Advogado do Diabo, Robert De Niro, em Coração Satânico, ou o deslumbrante Mefisto, de Klaus Maria Brandauer, que se passava na Alemanha nazista.
Quem também está em Wall Street 2, sempre perfeito, é o mitológico Eli Wallach. Ele consegue ser tão bom quanto Michael Douglas, é impossível não se lembrar dele como o demoníaco Don Altobello de O Poderoso Chefão 3. Embora seja apenas um ator brilhante, ele consegue, apenas com seu olhar, ser mais mefistofélico que qualquer outro ator. Todos eles mostram que, no final, Ele, para não ficar repetindo os nomes, sempre aparece para receber a conta, e essa é sempre alta demais para ser paga. Vejam todos os filmes que citei acima e confiram vocês mesmos. Abraços do Cavalcanti.
Deixe um comentário