Pontes sobre o atlântico
No livro O Espelho Enterrado, o escritor Carlos Fuentes reflete sobre as ligações entre as culturas latino-americana e espanhola: “Se eu atirasse uma garrafa com uma mensagem para a Espanha, eu lembraria que aqui somos algo mais do que espanhóis, somos negros, índios e, acima de tudo, mestiços.”. As relações entre os dois povos é o foco da quarta edição do MIRADA, Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos. Em cartaz até 18/9, a mostra reunirá 43 espetáculos de 10 países da América Latina, além de Portugal e Espanha. Dois destaques da mostra: Leite Derramado (foto), adaptação de Roberto Alvim para o romance de Chico Buarque; Blanche, de Antunes Filho, inspirada na personagem de Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. Acesse a programação completa no site: sescsp.org.br/mirada.
Metáfora russa
Em um mundo hiperconectado, como distinguir o real do virtual? Essa questão permeia a 16ª edição do France Danse 2016, megafestival que levará companhias francesas a 15 cidades brasileiras até 15/11. O espetáculo BiT, de Maguy Marin, por exemplo, investiga as tensões entre o corpo e os avanços tecnológicos. Em Pixel, Mourad Merzouki coloca um grupo de bailarinos para interagir com objetos virtuais. Esta é a primeira edição latina do festival, que desde 2007 promove a dança contemporânea francesa na Europa e nos EUA. Confira a programação completa no site ambafrance-br.org/-FranceDanse-Brasil-2016.
O trauma da ditadura chilena é tema recorrente em obras de artistas daquele país. No filme Nostalgia da Luz (2010), por exemplo, o cineasta Patrício Guzmán aborda o período por meio do fenômeno dos astros no deserto do Atacama. O dramaturgo chileno Guillermo Calderón, por sua vez, encontrou nas terras frias da Rússia o simbolismo adequado para falar desse passado sombrio. Neva, seu novo espetáculo, é ambientado em um teatro de São Petersburgo. A trama se passa em 1905, quando três atores, que ensaiam O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchékhov, são surpreendidos por um protesto. A peça fica em cartaz no Armazém XIX, em São Paulo, até 3/10.
Coletiva em cena
A 23ª edição do Festival Porto Alegre em Cena traz como destaque companhias de criação colaborativa, como o Grupo Galpão, que apresenta o espetáculo Nós. Neste novo trabalho, dirigido por Marcio Abreu, a companhia mineira discute o atual contexto sociopolítico brasileiro a partir do livro Ódio à Democracia, do filósofo francês Jacques Rancière. Filosofia também é o tema central de O Ano em que Sonhamos Perigosamente, do grupo Magiluth. Na trama, os personagens debatem questões como as recentes ocupações escolares por secundaristas, tendo como referência as teorias de Gilles Deleuze. Outro destaque do festival gaúcho é Processo de Conscerto do Desejo, espetáculo do ator Matheus Nachtergaele, baseado em texto de sua mãe, a poeta Maria Cecília Nachtergaele, morta quando ele tinha apenas três meses. Até 26/9. Confira a programação no hotsite portoalegreemcena.com.
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