Cúpula do Mercosul: crise argentina e conflito em Gaza podem estar entre temas

Os cinco presidentes dos países do Mercosul se reúnem hoje (29) pela primeira vez no âmbito da Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul, em Caracas. Como no último encontro, em julho de 2013, o Paraguai estava suspenso e, no anterior, a Venezuela ainda não havia ingressado, esta é a primeira reunião do bloco com os presidentes dos cinco membros: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.

De acordo com a programação oficial, o encontro dos líderes do Mercosul começará com uma cerimônia de oferenda floral e a fotografia oficial na Praça Simón Bolívar, às 9h (10h30 em Brasília), em frente à Casa Amarela, sede do Ministério das Relações Exteriores da Venezuela, onde ocorre a cúpula, a partir das 9h30 (11h em Brasília), começando com uma reunião privada entre os líderes dos países do bloco.

Às 11h (12h30 em Brasília), os chefes de Governo posarão para outra fotografia oficial, desta vez com os presidentes de Estados associados e convidados presentes em Caracas. Logo depois, está programada a Sessão Plenária da 46ª Cúpula do Mercosul e cerimônia de transmissão da presidência pro tempore do Mercosul da Venezuela para a Argentina. Os presidentes ainda almoçam na Casa Amarela antes de retornarem aos países. Também devem estar presentes os chefes de Estado do Chile, Michelle Bachelet, de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, e da Nicarágua, Daniel Ortega, além de Evo Morales, da Bolívia, país que está em processo de incorporação como membro pleno.

Entre os temas que devem ser abordados está a elaboração da proposta comum que precisa ser apresentada à União Europeia (UE) para avançar o acordo de livre comércio entre os dois blocos. Mas outros assuntos mais urgentes devem ser discutidos do encontro, como o litígio do governo argentino com os chamados fundos abutres, que eleva o risco de o país decretar a segunda moratória da dívida externa em 13 anos, o que pode piorar ainda mais a crise econômica argentina e causar impactos negativos, também, nos países do bloco, inclusive nas negociações para o acordo com a UE. Se a situação não for resolvida até depois de quarta-feira, um dia depois da Cúpula do Mercosul, a Argentina corre o risco de ter de decretar nova moratória.

Os chefes de Estado também discutirão o conflito na Faixa de Gaza, que já matou mais de mil pessoas, a maioria civis. O Brasil condenou, por meio da presidenta Dilma e de comunicados do Itamaraty, o “uso desproporcional da força” por parte de Israel, assim como o lançamento de foguetes ao território israelense pelo Hamas. Na semana passada, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, declarou que seu país ficou “desapontado” e se sentiu “traído” pelo Brasil, ao qual chamou de “anão diplomático”, após a publicação de mais uma nota do governo brasileiro e da convocação, para consultas, do embaixador brasileiro em Israel, Henrique Sardinha.

Além disso, o Brasil vai propor a desoneração das tarifas de importação de produtos entre o bloco e a Colômbia, o Peru e o Chile. Apesar de não pertencerem ao bloco, os três países mantêm acordos de redução de tarifas com os membros do Mercosul. A presidenta Dilma Rousseff deve retornar às 14h (15h30 em Brasília), após o almoço, e chegar à Base Aérea de Brasília às 20h15.

De acordo com o Itamaraty, os cinco países do Mercosul representam 72% do território e 70% da população da América do Sul, além de deter 80% do PIB do continente e 58% dos investimentos estrangeiros diretos e 65% do comércio exterior.


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