De administradores para administradores

Na segunda-feira (8) começou no Transamérica Expo Center, em São Paulo, a 10ª edição da HSM ExpoManagement, o maior evento voltado para o debate da gestão empresarial no Brasil.

O criador do conceito do tripé da sustentabilidade, John Elkington, abriu o evento, depois do café da manhã. Elkington alertou para que as empresas comecem a se alinhar ao conceito de Triple Bottom Line. “As empresas acham difícil olhar por meio dessas três lentes ao mesmo tempo”, disse, referindo-se a sustentabilidade, pessoas e lucro, as bases de sua teoria. Em resumo, o ambientalista alertou para que o mundo corporativo abra definitivamente os olhos para a questão.

Em seguida, o CEO Terry Leahy, ou melhor, Sir Terry Leahy entrou em cena para contar sobre como transformou a Tesco na maior rede de supermercados do Reino Unido e na terceira maior do planeta.
“Napoleão estava certo quando disse que a Inglaterra era um país de lojinhas”. Assim, Sir Leahy abriu a palestra para contar como criou o modelo bem-sucedido de desenvolvimento de varejo, hoje utilizado por muitas empresas ao redor do mundo. Leahy mostrou, por gráficos, o desenvolvimento da empresa, falou da importância de oferecer mais serviços ao cliente e ainda se lembrou das possibilidades da internet, segundo ele, uma ferramenta ilimitada.
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À tarde, foi a vez do economista e professor da Universidade de Chicago, Steven Levitt. O tema da palestra foi Superfreakonomics e os Negócios, exatamente o assunto que ele debate em seu livro, Freakonomics.

Levitt começou o papo falando sobre sua primeira passagem no Brasil, onde palestrou para um grupo seleto no Rio de Janeiro sobre alternativas para diminuir a alta taxa de criminalidade. Sem saber, naquela ocasião, seu discurso foi transmitido ao vivo para uma rádio carioca. Levitt provocou polêmica quando declarou que o número total de homicídios em Nova York era menor que o das vítimas feitas pela polícia no Rio, o que acabou irritando algumas autoridades locais.

“Não direi nada que irrite a polícia, mas talvez diga algo que irrite alguns dos senhores”, começou a palestra na HSM ExpoManagement, novamente de forma polêmica. Seu discurso girou em formas cotidianas de economia. Para Levitt, a questão não se limita a executivos engravatados fazendo milhares de contas atrás de mesas grandes em escritórios com belas vistas.

Para ilustrar, começou falando sobre sua própria história e a dificuldade que tinha com a matemática em sua época de estudante. Quando entrou em Harvard, cursou a aula de cálculo mais básica, seus colegas eram os esportistas da universidade, que nada queriam com a formação acadêmica. Persistente, resolveu tentar seu PHD no MIT (Masachusets Institute of Technology), do qual pensou em desistir diversas vezes antes da conclusão.

Para dar uma visão ainda maior sobre o que seria seu conceito de Freakonomics, o economista contou alguns fatos interessantes e inusitados, como seu contato com uma prostituta, que o procurou para falar economicamente de sua profissão. Esclarecida, a mulher disse que tinha um trabalho fixo e digno, no qual faturava cerca de US$ 80 mil por ano. No trabalho como prostituta, ela passou a ganhar US$ 250 mil anuais, cobrando US$ 300 por hora.

A pergunta que Levitt sempre fez aos CEO’s e que repetiu para a garota de programa foi simples, apesar de nunca ninguém ter conseguido responder com clareza: por que você cobra esse preço por seus serviços? Ela também não soube dar a resposta, mas, segundo ele, semanas depois tornou a falar com ela, que disse ter acordado e percebido o excelente trabalho que fazia e, por isso, aumentou seu preço em US$ 100. Levitt a chamou para dar uma palestra para seus alunos, muitos dos quais disseram ter sido a melhor aula do currículo.

O professor também falou sobre o caso de um aluno de sociologia da universidade, que, em um trabalho antropológico, começou a acompanhar o dia a dia de uma gangue em Chicago. Dessa maneira, ele teve acesso a toda a lista de movimentação financeira da gangue nos últimos três anos e descobriu que grande parte do dinheiro era usado no suborno de policiais. Além disso, a gangue pagava estudos para os filhos dos integrantes para que, no futuro, eles pudessem integrar a academia militar. De uma maneira ou de outra, um excelente exemplo de gestão empresarial.

Na outra palestra da tarde, o protagonista foi Hans Donner, responsável por dar cara à maior emissora de comunicação do Brasil e uma das maiores do mundo, a Rede Globo.

O papo de Donner foi um pouco mais pessoal. Ele falou sobre seu difícil começo na carreira e a arriscada decisão de tentar a sorte no Brasil. Nascido em 1948, na Áustria, quando tinha 10 anos ele acompanhou e se apaixonou pela seleção brasileira que, puxada por um desconhecido garoto chamado Pelé, encantou o planeta e venceu pela primeira vez uma Copa do Mundo. Foi aí também que começou a surgir o fascínio de Donner pelo instrumento de trabalho de Pelé, com o qual ele fazia suas obras primas: a bola.

O designer contou que, se não tivesse sido muito persistente, jamais chegaria onde está. Além disso, contou com pessoas de visão à frente de seu tempo. Os principais foram Roberto Marinho, o criador da Globo, e Boni, que, para Donner, é comparável ao homem forte da Apple, Steve Jobs, pela visão e audácia empresarial. “Logo no começo, estava projetando uma ideia, mas que custaria muito caro, por volta de uns R$ 500 mil, algo em torno de R$ 50 milhões hoje em dia. Fiquei até com vergonha de pedir para o Boni, era impensável. Mas quando falei, ele nem pensou duas vezes para aprovar”, lembrou.

Depois, Donner mostrou a cronologia de seu trabalho na Globo, como a transformação foi ocorrendo através dos tempos e da chegada de novas e mais poderosas tecnologias.

A ExpoManagement acontece até o dia 10 de novembro. O site da Brasileiros estará presente para acompanhar o que de melhor acontece. Para saber mais, acesse o site oficial do evento.

Na rota do reciclável


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