Biografia histórica
Longa com maior número de indicações ao Oscar (12), Lincoln é forte favorito a angariar o prêmio de Melhor Filme do ano. A fita do sempre bem cotado Steven Spielberg mostra os últimos anos da vida de Abraham Lincoln, presidente americano que marcou seu nome por lutar contra a escravidão nos EUA. Impecável no papel do político, Daniel Day-Lewis mostra mais uma vez por que é um dos grandes atores de sua geração e desponta como candidato a levar a estatueta de Melhor Ator. Alguns podem considerar o filme denso por suas burocráticas cenas de votação parlamentar, mas ele tem tudo o que a Academia adora: uma excelente história, ótimas atuações e um legítimo herói americano. Se a aposta se realizar, Spielberg terá a segunda estatueta de Melhor Filme – a primeira foi com A Lista de Schindler, de 1994.

Tema contemporâneo
Cercado por polêmicas, o novo filme de Kathryn Bigelow toca novamente em uma ferida americana. Como em Guerra ao Terror (Oscar de Melhor Filme em 2010), A Hora Mais Escura trata do Exército e a Inteligência americana em sua caçada aos terroristas responsáveis pelos ataques às torres gêmeas, em 2001. Focado na figura de uma agente da CIA (Jessica Chastain, vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar de Melhor Atriz) enviada ao Oriente Médio para participar das operações dos EUA contra o terrorismo, o longa choca logo em seu início pelas cenas de tortura praticadas pelos oficiais americanos a suspeitos árabes. A ousadia cinematográfica pode custar caro a Kathryn, que foi duramente criticada por membros do governo e da CIA, e ameaçada até mesmo de boicote. Controvérsias à parte, o filme funciona como retrato histórico e tenso sobre a operação que levou à localização e morte de Osama Bin Laden, ex-inimigo número 1 do país. Aclamada pela crítica internacional, a película peca em arrastar por longo tempo o desenvolvimento das investigações que levam a protagonista a localizar o terrorista, mas ganha no clímax e na crueza que permeia suas cenas.

Imagens – O ator Daniel Day Lewis como Lincoln, forte candidato ao Oscar; Jéssica Chastain, em A Hora Mais Escura; a pequena Quvenzhané Wallis, de Indomável Sonhadora; e cena de Jorge Mautner – O Filho do Holocausto

Bangue-bangue
Queridinho de nove em cada dez cinéfilos, o cineasta americano Quentin Tarantino também concorre ao prêmio de Melhor Filme com Django Livre. O filme, já em cartaz no Brasil, tem lotado as salas de exibição. O faroeste proposto por Tarantino conta a saga de Django (Jamie Foxx), um escravo liberto que, sob a tutela de um caçador de recompensas alemão (Christoph Waltz), parte para encontrar e libertar a mulher (Kerry Williams) das garras de um fazendeiro (Leonardo DiCaprio). Para amantes de Tarantino, o CCBB de São Paulo organizou uma mostra com todos os filmes de sua carreira e aqueles onde atuou ou codirigiu, como Sin City e Um Drinque no Inferno (Robert Rodriguéz), além de longas que influenciaram o diretor, como Taxi Driver (Martin Scorsese) e O Grande Golpe (Stanley Kubrick). A programação completa está em bb.com.br/cultura.

Adversários
Além de As Aventuras de Pi (Ang Lee), Argo (Ben Affleck), Amor (Michael Haneke), Os Miseráveis (Tom Hooper), O Lado Bom da Vida (David O. Russel) e Django Livre (Quentin Tarantino), que já estão em cartaz no Brasil, o longa Indomável Sonhadora completa o rol dos candidatos ao Oscar de Melhor Filme. O longa de Benh Zeitlin também rendeu à garota Quvenzhané Wallis, de apenas 9 anos, indicação na categoria Melhor Atriz, tornando-se a mais jovem da história do prêmio a disputar a estatueta. No outro extremo, Emanuelle Riva (Amor), 85 anos, é a mais velha atriz a ser indicada para a categoria. Indomável Sonhadora chega às telas do Brasil no dia 22 de fevereiro.

Off Oscar
Dois ícones da música brasileira foram os personagens escolhidos para serem retratados em documentários que chegam aos cinemas neste mês. Nelson Pereira dos Santos voltou-se para Tom Jobim, dessa vez com um viés diferente do que havia dado em A Música Segundo Antonio Carlos Jobim, filme lançado no ano passado. Para realizar A Luz de Tom, seu segundo longa sobre o músico, Nelson entrevistou a irmã do maestro, Helena Jobim, a primeira mulher, Thereza Hermanny, e a segunda, Ana Lontra Jobim. Filmadas em uma praia de Florianópolis, em um sítio de Itaipava e no Jardim Botânico do Rio, as entrevistas apresentam histórias e curiosidades da vida de um dos maiores nomes da nossa música. Já Pedro Bial e Heitor D’Alincourt dedicam seu longa a contar a história do músico carioca Jorge Mautner. Filho de um judeu e de uma iugoslava, Mautner nasceu no Brasil após seus pais fugirem da Segunda Guerra. Depois de se mudar para Londres nos anos 70, tornou-se amigo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, integrando a efervescente cena musical e contracultural brasileira que se opunha ao regime militar. Também jornalista e escritor, firmou parceria com Nélson Jacobina, morto em 2012. Essas e outras histórias estão em Jorge Mautner – O Filho do Holocausto.


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