Caros, já disse aqui que Obama pode até ter apoiado nossa causa durante a campanha eleitoral, com frases simpáticas, e compareceu a jantares de apoio ao movimento homossexual americano, mas não irá além disso. Que ele não manda tanto na legislatura americana nós também já sabemos, a Constituição americana deixa que ele brinque com seu poderoso exército fora do país. Mas na hora de fazer leis, de entrar no território do legislativo, acabou-se a força. Lá quem manda são os dois únicos partidos, Democrata e Republicano, e o Presidente não vale quase nada. Se ele quer, e precisa, aprovar reformas do sistema de saúde americanos, ou mesmo para propor normas que regulem o sistema financeiro, ele é obrigado a buscar o apoio do Congresso, em complicadas manobras políticas, nas quais nem sempre conta com o apoio de seu próprio Partido, o Democrata. Para piorar a história, eles terão eleições no dia 2 de novembro, será o primeiro grande teste de Obama nas urnas, e ele não quer arriscar nada até lá.
O resultado foi uma fragorosa derrota para nós, na votação de ontem, que tentava trazer de volta à pauta do Congresso a derrubada da famigerada lei do don’t ask don’t tell, que, na prática, não permite a entrada dos homossexuais no exército. Mesmo apoiada por Obama, por apenas 4 votos a questão teve negada a sua apreciação, por prazo indeterminado, uma manobra desastrosa para os democratas e para o movimento gay americano. Hoje em dia, a população americana mudou bastante de opinião, a maioria já é a favor da entrada dos gays nas forças armadas, ou de sua permanência legal lá dentro, eis que existem milhares de nós no serviço militar. Líderes republicanos como Colin Powell já nos apoiam. Mesmo em relação ao casamento de homossexuais, questão que está a poucos passos de ser declarada constitucional por um belíssimo julgado de um juiz federal da Califórnia, a população americana vem mudando de opinião em nosso favor. A nova diva pop Lady Gaga participou de um comício em apoio à entrada dos homossexuais no exército, bem no dia em que o Congresso votaria a questão, mas parece que o efeito foi o contrário. Ela não tem forças para influir na opinião pública americana, e teve um péssimo efeito dentro do nefasto e complexo Congresso americano. Que falta nos faz o velho Kennedy por lá, ele entendia o jogo político americano como ninguém, foi senador por mais de 40 anos, e esteve por trás das poucas conquistas que tivemos. Quem será nosso herói agora? Abraços do Cavalcanti
Deixe um comentário