O filósofo e sociólogo francês Pierre Lévy, que dedica seus estudos para compreender as implicações cognitivas e culturais das tecnologias digitais, esteve em São Paulo, na segunda-feira (17), para ministrar a palestra “O próximo passo: inteligência reflexiva coletiva”.
No evento ele fez o lançamento do seu último livro, A Esfera Semântica (2011), em que defende um novo sistema de codificação da significação semântica, para contribuir com a memória digital, que foi batizado a IEML (Information Economy Meta Language em inglês ou metalinguagem da economia da informação em português).
IEML são coordenadas matemáticas e linguísticas que permitem, segundo Lévy, transformar o nosso atual cérebro global opaco em uma inteligência coletiva reflexiva. “IEML criaria algo livre, sem barreiras, portanto mais democrático, ao criar relações semânticas entre os dados, pois eles estarão categorizados por meio de metalinguagem”, explica o autor.
Professores de filosofia, escritores, além da primeira-dama de São Paulo, Ana Estela Haddad, estiveram presentes. “Mais do que nunca, precisamos do pensamento filosófico tradicional para que no contexto das tecnologias, possa haver um diálogo e a busca de sentido e interpretação. Mais do que nunca coloca-se a importância da abstração, do aprofundamento das ideias, que precisa de lentidão, contrário a temporalidade rápida em que estamos imersos”, conta Ana Estela, que também coordena o projeto São Paulo Carinhosa.
Marco Civil da Internet
Em entrevista coletiva na semana passada, Lévy avaliou que o Brasil está vanguarda na defesa da neutralidade de rede – conceito no qual provedores não poderiam privilegiar ou restringir o acesso a qualquer pacote de dados na rede. “Entre os melhores aspectos do Marco Civil estão o fato de ele ter sido criado de forma colaborativa; sua defesa da neutralidade de rede; e sua proteção da liberdade de expressão. Trata-se de algo positivo em todos os níveis. O Brasil está na vanguarda desse movimento, e vocês devem continuar lutando”.
Em setembro, a presidenta Dilma Rousseff pediu urgência na votação do projeto – que tramita há cerca de dois anos e meio – depois das denúncias de espionagem das comunicações brasileiras pela agência norte-americana de segurança (NSA). Porém, o direito ou não das empresas de telefonia, além de cobrarem pela banda larga, passarem a cobrar pelo tráfego nas suas linhas, tem emperrado a votação. Nos últimos dias, o Planalto chamou as teles para conversar. Estamos acompanhando.
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