Dilma Bolada fala a Brasileiros

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Se a presidenta Dilma Rousseff começou a militar aos 16 anos e fez história ao lado de um barbudo pernambucano. Jeferson Monteiro, um garoto de 23 anos, está ganhando o mundo por ter criado um personagem fictício para a presidenta, há três anos.

Como grande parte dos jovens da geração y, ele tem espinhas no rosto e uma habilidade incrível com tecnologia e comunicação. Tanto que, em 2010, durante a primeira campanha eleitoral em que se usou a internet como mídia, ele resolveu “cuidar” de um domínio no Twitter. O molecote tinha 20 anos e viu que o perfil de Dilma no twitter poderia ser “reproduzido” ao olhar distraído e “salvou” o domínio. A conta oficial, usada na campanha era @dilmabr. Ele criou a conta @diImabr. Usando o i em caixa alta no lugar da letra “L”. Hoje, ele fala com mais de 162 mil pessoas no twitter, 554 mil fãs no facebook e 26 mil pessoas no instagram, isso sem contar os acessos na sua página.  

Para você ter uma ideia, só na época das manifestações de junho deste ano, Jeferson, ou melhor, Dilma Bolada, no facebook, atingiu mais de 6 milhões de pessoas. Bolada é conhecida por jornais como o NYTimes, já ganhou duas vezes o prêmio Shorty Awards, equivalente ao Oscar das redes sociais e tem até fake da oposição. Isso quer dizer, precisamos escutar o que esse jovem tem a dizer. 

Leia a seguir, a entrevista boladona que fizemos com o garoto.


Brasileiros: Você tem 23 anos, certo? onde cresceu? Era um guri ativo? Curtia molecagem?

Jeferson: Sim, faço aniversário dia 4 de março. Sou carioca, os primeiros anos de minha vida morei na Tijuca mas minha família se mudou para Mesquita, na Baixada Fluminense, quando eu ainda era bem pequeno. A minha infância e juventude foram longe de aparatos tecnológicos. Ficávamos na rua brincando. Acho que foi uma infância bacana. A vida nas regiões metropolitanas, no subúrbio e cidades vizinhas, é bem diferente da vida na capital (Rio de Janeiro).

B: Quem te ajudou a construir essa visão política que você tem? Sua mamãe ou seu pai são “lulo-dilmistas”? Aonde estava em 2002?

Minha família toda é no geral bem indiferente quando o assunto é política, assim como a maioria da população. Eu que não sei por qual motivo me interessei pelas coisas. Mas nunca tive influência alguma externa, foi tudo muito natural. Eu gostava de ler. E digo isso sobre qualquer assunto, eu sempre fui um cara curioso. Sobre 2002, acho que foi um marco histórico para o Brasil e fico feliz de ter vivenciado o momento. Foi o primeiro passo de uma era de grandes avanços e transformações.

B: Como você enxerga as transformações sociais nesses 10 anos de PT no governo? A vida da sua família mudou?
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É algo extremamente positivo e isso é uma unanimidade. Quem falar que as conquistas do povo brasileiro, sobretudo para os mais pobres, durante o Governo do PT não foram significativas ou é ignorante ou não vive no Brasil. Eu nunca precisei de nenhuma política ou ação social do Governo, sempre tive uma vida razoável, estudei em escola particular e tive muitas oportunidades que outros não tinham. Mas, por exemplo, meus dois irmãos trabalham, há alguns anos, na Marinha Mercante e isso só foi possível graças a grande retomada da indústria naval no Governo Lula. Na rua onde eu morava, havia uma mulher que vivia numa situação lastimável e tinha muitos filhos, todos trabalhavam. Com o Bolsa Família, ela arrumou trabalho e as crianças foram para escola.

Falando ainda de conquistas, quando eu prestei meu primeiro vestibular, para Administração na UFRRJ, eu estudei no campus Nova Iguaçu, que não existia antes de Lula. Durante o tempo que estudei lá, eu vi de perto a mudança do nosso país, via as mais diferentes pessoas, das mais variadas cores, crenças e classes sociais nas salas de aulas. Isso é gratificante. A vida do povo brasileiro mudou e mudou para melhor. Isso não tem como negar.

B: Mudando de assunto, você curte comédia? Você tem um humor rápido, ácido e certeiro. Quais são suas inspirações?

Olha, eu curto muito besteirol, sabe? Rir por rir. Adoro aquela série de filmes Todo Mundo Em Pânico e esses filmes que é preciso você viajar junto com aquelas loucuras todas pra entrar no clima e se divertir, acho que daí vem muita coisa da Dilma Bolada, o estilo de como é a personagem. Para escrever eu sempre procuro mergulhar num universo por mim criado mas como espectador, eu vejo as cenas, os detalhes, os movimentos, ouço as falas e daí vou escrevendo, a graça toda está aí, em imaginar a Presidenta nas situações mais absurdas e inimagináveis. Eu sempre fui um grande fã de Harry Potter e as vezes algumas histórias que escrevo na Dilma Bolada tem referências do mundo criado por J.K. Rowling.

B: E como foi o encontro com a presidenta? Como ela reagiu? Ela conhecia seus posts?

Foi sensacional pra não dizer mágico. Vou falar uma coisa… de tanto vê-la todo dia, quando eu cheguei lá, eu senti que já há conhecia há tempos (risos). E ela foi uma anfitriã incrível, me deixou super a vontade e foi extremamente simpática. Não houve formalidade alguma, eu até achei que teria por ser tratar da Presidenta da República, mas não teve. Durante os tuítes, ficamos conversando, eu falava demais, aliás, eu falo demais (risos). Mas ela ouvia com calma e ria, chegou a comentar como gosta do mundo imaginário por mim criado e lembrou de alguns posts e expressões. A abracei umas trezentas vezes (risos) e no final tiramos diversas fotos. Ela é muito atenciosa e gente boa.

Twitter parody of Brazil's Dilma Rousseff

B: Quais foram as repercussões depois do encontro?

Olha, eu imaginei que o dia que o encontro finalmente acontecesse teria uma repercussão grande, mas jamais imaginei que iria ser do jeito que foi. Meu celular quase explodiu de tanta notificação. Lembro que só naquele dia, eu tinha pra mais de 40 ligações perdidas de mais de 15 DDDs diferentes. Eu acho que foi muito bom, quem não conhecia, passou a conhecer, o número de convites para a participação em eventos aumentou, recentemente recebi o correspondente internacional do Los Angeles Times em casa e saiu uma matéria bem legal no jornal.

B: Danilo Gentili te atacou depois do seu encontro com a Dilma, falou sobre você receber grana do governo para tal…

Pois é, eu acho que as pessoas têm uma certa dificuldade em lidar com o direito dos outros, sobretudo quando este direito está ligado diretamente ao direito constitucional de se expressar livremente e à liberdade de opinião. Até onde eu saiba não é proibido gostar de ninguém, tampouco demonstrar que você gosta ou homenagear uma determinada pessoa, seja ela um amigo, um desconhecido, um político, etc. E acho que isso que afetou eles. Eles nutrem um ódio gigantesco contra o Lula, a Dilma e o PT e esse ódio se alastra a qualquer um que simpatize com eles, parece ser o tipo de pessoa que vai te agredir se você falar bem da Dilma perto deles, não acho isso saudável, pelo contrário, acho desrespeitoso e muito contraditório, sobretudo quando vem de pessoas que “defendem” a liberdade da expressão e criticam aqueles que criticam as piadas que fazem.

B: O que você está espera para o ano que vem? 

A Dilma Bolada foi, é e sempre continuará sendo o que sempre foi: um canal de entretenimento. Seja hoje, amanhã, ano que vem, daqui a 10 ou 100 anos. Não sei de onde tiram essa ideia de que sou uma estratégia de comunicação do Governo, pra mim isso é muito teoria da conspiração, recentemente a VEJA me ligou, me ligaram quase 10 horas da noite, começaram perguntando sobre o encontro e desvirtuaram o assunto terminando perguntando: “O que a gente quer saber aqui é como você ganha dinheiro”. Eu, Jeferson, não sou e nem posso ser contratado do Governo. porque todas as pessoas contratadas ou são funcionárias públicas ou têm cargo de confiança, e em ambos os casos, a pessoa tem de estar lá no Portal das Transparência.

Isso é surreal, chega a ser vergonhoso que alguém acredite que a Dilma Bolada com seus telefonemas pra Beyoncé, Shakira, dançando Raça Negra, zoando a Kirchner é uma estratégia da Presidência da República, pelo amor de Deus. É só pensar um pouco: o Brasil tem 120 milhões de eleitores e a Dilma Bolada tem 500 mil fãs no Facebook, e essas pessoas seguem a personagem pra rirem, se divertirem e não porque, necessariamente, gostam da Dilma. Eles acham mesmo que a Dilma me pede pra escrever que ela corre com as emas? (RISOS).


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