Ela começou cedo. Aos 16, acreditava que poderia mudar o país. Dedicou sua juventude (e sua vida) a isso. Foi presa, torturada e seguiu firme. Saiu de sua terra, foi acolhida pelo sul. Se casou, teve uma filha, se separou, continuou ao lado de seu companheiro. Tornou-se economista. Ajudou a fundar um partido, mas, com outro também vermelho, desde 2001, fez história do lado de um barbudo pernambucano. Mais tarde, foi eleita representante de um povo diverso, plural e insaciável.
É com a história da nossa presidenta Dilma Rousseff que começamos a falar de Jeferson Monteiro, um garoto carioca, estudante de comunicação, nascido em 1990 e que criou o personagem fictício Dilma Bolada, que hoje se encontra com a chefe de Estado do país.
Na noite de ontem (26), o IBOPE tinha acabado de divulgar os últimos números de uma pesquisa sobre as eleições de 2014, indicando o crescimento da preferência de voto na presidenta Dilma. Na noite de ontem (26), entendemos, o dia chegou. Jeferson anunciou em códigos. Ele está em Brasília e na manhã do dia 27 de setembro, a presidenta conversou com quem fala diretamente com os brasileiros que buscam uma palavra oficial com humor.
Jeferson, como grande parte dos jovens da geração y, tem espinhas no rosto e uma habilidade incrível com tecnologias e comunicação. Tanto que ele, em 2010, na campanha da ainda presidenciável Dilma Rousseff, ele resolveu “cuidar” de um domínio no twitter que poderia ser usado pela oposição e acabou se transformando em um dos interlocutores do Planalto, ou o alter-ego de Dilma no Itamaraty.
@diImaBR
Em 2010, foi a primeira vez que as campanhas presidenciais usaram a internet como mídia. E se viu de tudo. Disparo de e-mails para base de 500 mil pessoas, que atingiam um, dois milhões de eleitores contendo boatos aos montes. Além de perfis falsos nas redes sociais. Ainda acreditava-se que internet se ganhava em números e não em conteúdo ou engajamento real. As discussões não eram sobre plataforma de governo ou conduções de políticas públicas. Era como aquela mulher de nome estrangeiro era feia, não era casada (e por isso deveria ser “sapatão”), era a favor do aborto e não acreditava em Deus. Até o jornal Folha de S.Paulo publicou em sua capa a ficha falsa de Dilma Rousseff.
Jeferson, molecote de vinte anos, viu que o perfil de Dilma no twitter poderia ser “reproduzido” ao olhar distraído e “salvou” o domínio. A conta oficial, usada na campanha era @dilmabr. Ele criou a conta @diImabr. ARROBA-DE-I-I-EM-CAIXA-ALTA-
Tem gente que, nas redes sociais, dá um “Olá” e posta foto do que está comendo. Jeferson publica aventuras de uma Dilma descolada e direta em sete mil caracteres (com hilárias hashtags)! São histórias cheias de humor sobre uma presidenta que fala grosso com Obama, que é amiga de Ivete Sangalo e Lady Gaga, que faz Marcela Temer servir o café para ela. Dilma Bolada dá vida às aventuras reais da presidenta. Vídeos são feitos, ela ganhou vida. Como na vez que Dilma andou de moto despistando seus seguranças ou no dia que Dilma recebeu o telefonema de Obama sobre o caso do esquema de espionagem bancado pelos Estados Unidos.
Para você ter uma ideia, só na época das manifestações de junho deste ano, Jeferson, ou melhor, Dilma Bolada, no facebook, atingiu mais de 6 milhões de pessoas. Bolada é conhecida por jornais como o NYTimes, já ganhou duas vezes o prêmio Shorty Awards, equivalente ao Oscar das redes sociais e tem até fake da oposição. Isso quer dizer, precisamos escutar o que esse jovem tem a dizer.
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