Dilma só não se elege domingo no Datafolha

Caros amigos,

não esqueci de vocês, mas é que tive um problema de saúde na volta do Recife (nada muito grave) e passei esta quinta-feira no pronto-socorro esperando a internação no hospital Sirio-Libanês. No Brasil, até os hospitais andam lotados, não são só os aviões e os aeroportos

Enquanto espero a primeira refeição do dia, escrevo rapidamente só para dar uma satisfação aos leitores do Balaio e falar de uma constatação que fiz ao ler o noticiário: apesar de todo o barulho dos últimos dias, do tal “sobe e desce das pesquisas”, tudo indica que a eleição será mesmo decidida já no domingo.

Pena que não vou poder votar (eu voto em Porangaba e não deverei ter alta até domingo). É a primeira eleição que perco na vida. Votem por mim.

Abraços,

Ricardo Kotscho

***

Três dos quatro principais institutos de pesquisa do País – Ibope, Vox Populi e Sensus – apontam a vitória de Dilma Rousseff já no primeiro turno das eleições, com mais votos do que a soma dos seus adversários, fora da margem de erro, segundo as mais recentes pesquisas divulgadas.

A exceção, mais uma vez, ficou por conta do Datafolha, que registrou uma diferença bem menor a favor de Dilma. Explica o jornal do mesmo nome: “Os rivais de Dilma somam 48% dos votos válidos; ela precisa de 50% mais um para vencer já neste domingo. Como a margem de erro é de dois pontos, é impossível afirmar com segurança que não haverá segundo turno”.

Com segurança, de fato, ninguém pode afirmar nada, antes da abertura das urnas, mas vamos aos últimos números:

Vox Populi: Dilma 55 X 45% da soma dos adversários. Diferença de 10 pontos nos votos válidos.

Ibope: Dilma 55 X 44% da soma dos adversários. Diferença de 11 pontos nos votos válidos.

Sensus: Dilma 54 X 43% da soma dos adversários. Diferença de 11 pontos nos votos válidos.

Datafolha: Dilma 52 X 48% da soma dos adversários. Diferença de apenas 2 pontos.

O que explica esta discrepância que chama a atenção? A explicação mais frequente é a diferença na metodologia aplicada pelos institutos. O Datafolha é o único que ouve os eleitores na rua, em pontos de movimento; os outros três fazem entrevistas domiciliares.

Como o Datafolha adota a mesma metodologia desde a sua fundação, e nas eleições anteriores não houve tanta diferença nas projeções, alguma coisa estranha acontece este ano. O Datafolha foi o último a admitir a passagem de Dilma para a liderança e a possibilidade de ganhar no primeiro turno. Seus números sempre foram mais favoráveis aos candidatos da oposição.

O colega Merval Pereira, de O Globo, sugeriu hoje, em sua coluna que “essas diferenças entre os institutos de pesquisa vão ter de ser estudadas quando acabarem as eleições”. Também acho. Resta saber quem fará este estudo e onde será publicado.

Como escrevo antes dos últimos programas eleitorais na TV e do debate da Globo, em que todos jogarão sua última cartada, corro o risco de quebrar a cara, claro, mas desconfio que não há mais tempo para grandes novidades no front eleitoral. Pode ser que todos estejamos errados e só a Folha tenha os números certos. No domingo, vamos saber.

Em tempo: no último dia do seu rally aéreo pelo país, a bordo do jatinho do JN, quero dar os parabéns ao repórter Ernesto Paglia pelo belo trabalho jornalístico que levou ao ar e por nos mostrar um Brasil real que, na rotina do dia a dia das redações, ficou sem espaço na mídia. Não se deve confundir o trabalho sério do repórter com a política editorial da empresa onde trabalha.


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