Diversidade cultural para o pequeno leitor

"Aprendiz da imperfeição" - Pieter van Oudheusden  e Stefanie de Graef. Tradução de Cristiano Zwiesele do Amaral.  Pulo do Gato, 32 páginas. Foto: Reprodução
“Aprendiz da Imperfeição” – Pieter van Oudheusdene Stefanie de Graef. Tradução de Cristiano Zwiesele do Amaral.
Pulo do Gato, 32 páginas. Foto: Reprodução

Aprendiz da Imperfeição
Uma narrativa poética, marcada pela circularidade do enredo e pela beleza das ilustrações. Um jovem e um grande pintor estabelecem uma relação de aprendiz e mestre, na qual se misturam ensinamentos sobre a arte e o sentido da vida. Desafiando a vaidade e o poder, o que se busca é o aprimoramento – da pintura e da existência – em oposição à rigidez e à perfeição, tantas vezes utilizadas para definir de modo reducionista a cultura japonesa. “A perfeição é insuportável”, diz o mestre ao jovem aprendiz. Destaque para a forma como a passagem do tempo se constrói nas ilustrações e para o uso das cores como metáfora visual.

"No Tempo do Verão – Um Dia na Aldeia Ashaninka"- Adaptação de Rita Carelli. Ilustrações Mariana Zanetti. Cineasta: Wewito Piyãko. Cosac Naify, 48 páginas. Foto: Reprodução
“No Tempo do Verão – Um Dia na Aldeia Ashaninka”- Adaptação de Rita Carelli. Ilustrações Mariana Zanetti. Cineasta: Wewito Piyãko. Cosac Naify, 48 páginas. Foto: Reprodução

No Tempo do Verão – Um Dia na Aldeia Ashaninka
O livro integra a coleção Um Dia na Aldeia, uma parceria da editora com a escola de cinema para povos indígenas Vídeo das Aldeias. O DVD que acompanha o livro traz um documentário, do cineasta indígena Wewito Piyãko, retratando um dia de verão em sua aldeia, no Acre. Filmado com espontaneidade, permite acompanhar de perto as crianças indo à escola, aprendendo a confeccionar utensílios com os mais velhos, pescando e brincando. Inspirada nessas imagens, a ilustradora cria cenas belíssimas, destacando a variedade de cores e texturas, sob diferentes perspectivas. O texto é um relato singelo desse dia. As diferentes linguagens contribuem para aproximar crianças de diferentes culturas e desmistificar ideias preconcebidas sobre os povos indígenas brasileiros.

"Diálogos de Samira – Por Dentro da Guerra Síria"- Márcia Camargos e Carla Caruso. Editora Moderna, 184 páginas. Foto: Reprodução
“Diálogos de Samira – Por Dentro da Guerra Síria”- Márcia Camargos e Carla Caruso. Editora Moderna, 184 páginas.    Foto: Reprodução

Diálogos de Samira – Por Dentro da Guerra Síria
A correspondência virtual entre dois adolescentes – Samira, brasileira, e Karim, sírio refugiado em Beirute – é a base do enredo. Procurando se aproximar do universo dos dois jovens, principalmente pela linguagem própria dos e-mails, as autoras priorizam a troca de informações sobre aspectos culturais, históricos e religiosos no diálogo que se estabelece. Bashar al-Assad, o Estado Islâmico e o Exército Livre da Síria estão entre os verbetes do glossário final, assim como o termo islamofobia. Apesar do didatismo que se mescla à ficção, a trama se desenvolve com bom ritmo, mesclando transcrições de notícias a parágrafos sobre os sentimentos e as relações familiares dos jovens que se correspondem sem previsão de um dia se encontrar.


*Cristiane Tavares é mestre em literatura e crítica literária pela PUC de São Paulo.


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