A banda carioca Do Amor provoca rebuliço sempre que passa por São Paulo. Não é raro ver entre o público que se acotovela em suas apresentações figurinhas carimbadas como o igualmente carioca Seu Jorge, a escritora gaúcha Clarah Averbuck, o jornalista Xico Sá, o compositor Junio Barreto e Pupilo, baterista da Nação Zumbi, estes três pernambucanos. Afinal, estamos falando de São Paulo. O quarteto foi formado para acompanhar a cantora e estilista carioca Nina Becker, mas logo iniciou um trabalho próprio. Os guitarristas Gabriel Bubu e Gustavo Benjão, o baterista Marcelo Callado e o baixista Ricardo Dias Gomes tocam juntos desde os 14 anos – ninguém do grupo chegou aos 30.

Os três sem Ricardo – que antes que alguém pergunte é, sim, neto do dramaturgo Dias Gomes – formaram um grupo, Carne de Segunda, e todos pertencem à Orquestra Imperial. Ricardo e Marcelo rodaram o país a convite do guitarrista Pedro Sá como banda de apoio de Caetano Veloso em seu show, disco e DVD Cê – sem dúvida, o preciosismo minimalista dos arranjos é o ponto alto do trabalho. Nas apresentações de Do Amor o pau come. Chucro e chique. Bubu toca uma velha guitarra nacional Giannini Supersonic, como Pepeu e Lanny, diga-se de passagem, enquanto Benjão empunha uma Fender Stratocaster ianque.

A aparente esculhambação das letras e dos arranjos esconde uma sólida execução, com riffs em ritmos compostos (“Brainy Dayz”), carimbós rasgados (“Isso É Carimbó”), boleros, pura adrenalina típica de roqueiros grisalhos. Quem se interessar por Do Amor pode ir atrás do SMD com cinco músicas, “Modelo Americano”, “Vão”, “Santo do Deserto”, “Cântico” e “Meu Coração”, gravado em 2006 e mixado por Moreno Veloso. Psicodelia, rock barulhento (noisy) do Sonic Youth, jovem guarda e manifestações regionais como a guitarrada paraense. No momento, Do Amor está finalizando o disco de Nina Becker.


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