Depois de dois anos do terremoto que atingiu o Haiti, em 12 de janeiro de 2010, a cidade de Brasileia (AC), na fronteira com a Bolívia, tem sido uma das principais rotas de entrada de haitianos no Brasil. Os imigrantes vêm em busca de melhores condições de vida, já que o desastre, que matou 220 mil pessoas, deixou grande parcela da população vivendo em condições precárias. Atualmente existem mais de mil campos de desabrigados em Porto Príncipe, onde residem, aproximadamente, 500 mil haitianos.

A Brasileiros tem dado destaque para a situação delicada vivida no país caribenho. “O Haiti foi dilacerado pelos infortúnios que percorreram sua história recente – ditaduras sangrentas, conflitos armados entre gangues favoráveis e contrárias ao governo e intervenções internacionais. A luta dos haitianos está estampada no rosto de cada um, no sorriso de cada criança”, dizia a reportagem Nossa missão no Haiti, matéria de capa da edição de agosto de 2009.

Poucos meses depois da reportagem, assinada por Victor Ferreira, o terremoto viraria mais um tópico na lista de infortúnios vividos pelo país. O belo relato, no entanto, continua atual e ajuda a entender a situação de milhares de haitianos. Leia a reportagem Nossa missão no Haiti

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Brasileiros que se foram
À época da matéria, Victor relatava as ações de vários brasileiros em missão humanitária no Haiti; tanto o trabalho dos soldados da ONU, quanto o de pessoas comuns. Com o terremoto, perdemos 11 militares brasileiros e uma pessoa em especial: Zilda Arns.

Ela foi, com certeza, uma das pessoas mais influentes no trabalho com crianças carentes no Brasil e no mundo. Fundadora da Pastoral da Criança, estima-se que seus esforços tenham beneficiado aproximadamente 2 milhões de crianças ao longo de sua trajetória solidária e vitoriosa.

Em setembro de 2009, poucos meses antes do desastre haitiano, Zilda Arns deu seu depoimento para a seção “Você Acredita no Brasil?”, que é cativa em nossa edição impressa desde o primeiro número. Em seu relato emocionado, Zilda transparece toda a paixão e crença que nutria pelo Brasil. Confira e reflita.

“Eu acredito. O Brasil talvez seja o país mais importante do mundo. Nosso povo é solidário, pacífico e sem preconceito. O Brasil também é privilegiado pela natureza, pelos rios, pelos minérios. Nosso País tem melhorado nos últimos vinte anos, um indicador disso é o atual índice de mortalidade infantil, que de 80 óbitos por mil nascidos vivos, baixou para 20 por mil nascidos. E na Pastoral da Criança, esse índice é de 13 por mil.

Por outro lado, há aspectos que ainda precisam melhorar muito, como a qualidade da educação infantil e educação da família. Outros verdadeiros cancros do Brasil são a corrupção e a falta de ética, que devem melhorar drasticamente, a começar pela educação na primeira infância, quando se fixam os valores culturais que serão projetados ao longo da vida. Só assim teremos políticos com mais ética e responsabilidade social. A paz é precedida pela justiça social e para que se promovam ambas, é preciso uma forte atuação dos governos, das famílias e das organizações sociais. Só por meio da reforma tributária e de políticas públicas conseguiremos diminuir a concentração de renda.”


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