Driblando o preconceito

Quem conhece futebol, sabe que Emerson Sheik nunca foi santo. Pelo contrário, é debochado, não costuma fugir de polêmica e nem deixa passar oportunidades de provocar algum rival.

Não me entenda mal, no futebol, hoje, isso é algo positivo. Ele é dos poucos que sai daquele “discursinho” ensaiado dos “atletas de Deus”, aqueles que vão dar 100% em campo esperando sair com o resultado positivo e blá, blá blá…

Talvez, a causa do preconceito no futebol, no esporte em geral, precisasse de caras como o Sheik, que não temem manchar sua imagem ou algo do tipo.

Emerson coleciona polêmicas em sua carreira. Já foi mandado embora do Fluminense após cantar uma música do Flamengo na concentração, adulterou sua idade, foi acusado de estar envolvido em esquema de contrabando de carrões importados… Melhor parar por aqui.

No último final de semana, após vitória do seu Corinthians, foi visitar o restaurante de um amigo, amigo esse que ele cumprimentou com um selinho, fotografado e postado em seu perfil no Instagram. Ele não fez isso para levantar uma bandeira, ser o percursor ou algo do tipo, fez por que lhe deu vontade e também por que não deve satisfação pra ninguém.

Pouco depois, as redes estavam infestadas de piadas de torcedores rivais, enquanto que corintianos manifestavam sua indignação por conta da atitude de seu jogador. Durante a semana, um pequeno grupo chegou a levar algumas placas ao centro de treinamento do Timão, porém, o teor era tão estúpido que nem vale a pena ser reproduzido.

Enquanto isso Sheik teve a postura mais admirável que alguém poderia ter nessa situação, demonstrando claramente que é um dos poucos “jogadores pensantes” do futebol brasileiro. Não fez questão nenhuma de convocar uma coletiva para se explicar, até por que ele não fez nada de errado, não chamou duas modelos e circulou pelos pontos badalados de São Paulo para ser visto na companhia feminina e também não se levantou como um mártir. Não faz seu estilo.

Porém, após tanto se falar sobre o assunto, ele viu a necessidade de se posicionar. Nesse domingo o Corinthians joga contra o Vasco e Sheik joga contra a caretice e o preconceito. Em suas chuteiras mandou bordar os dizeres “fora o preconceito” no pé direito e “gentileza” no esquerdo. Se pudesse, acredito que escolheria as frase “não me encham o saco” e “cuidem de suas vidas”.


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