Dubai, Wall Street, e São Paulo

A cobertura já é minhaMeus caros, dificílimo não voltar a falar de Liz Taylor, mas a vida segue. Hoje trago o post que teria ido ao ar ontem. Pobre de quem tenha de procurar um imóvel para comprar ou alugar na cidade de São Paulo nos dias de hoje. Sou testemunha. Tentei há cerca de três meses, sem qualquer sucesso. Desisti, voltei a tentar ontem, e posso afirmar-lhes que os preços subiram cerca de 30% – em 90 dias. A razão para essa onda de valorização não é exatamente clara, profissionais escolados do mercado imobiliário se sentem perdidos, e recomendam cautela, logo eles, que ganham comissões quase obscenas com as operações que intermedeiam. Em meio a pensamentos desolados, não deixando ainda de cogitar a volta à casa de mamãe, recebi a última Vanity Fair, uma de minhas Bíblias mensais, já está nas bancas, com um longo artigo sobre o emirado de Dubai, o mais fabuloso oásis do Oriente Médio, que, segundo a revista, cresceu sob o estímulo do “Viagra do crédito fácil”. Lógico que eu me divirto com a menção ao medicamento, não ira rir da dificuldade alheia. Eles cresceram muito, e rápido, edifícios fantásticos foram erguidos por todos os lados, ilhas artificiais com casas cinematográficas, parecia coisa de filme. Na verdade era coisa de filme, pois não havia, e não haverá por um bom tempo, realidade que sustente aquele cenário, em boa parte vazio atualmente. Estejam certos de que muita gente ganhou dinheiro com isso, a começar por banqueiros internacionais, raça absolutamente sem escrúpulos, que levou o mundo à quebradeira de 2008,  ensinou a Grécia a fazer malabarismos incríveis em suas contas públicas para esconder o buraco financeiro em que estava, e coisas parecidas para Irlanda e Portugal.

Hoje em dia, quem quer que possa comprovar certa renda mensal (além de extensa papelada), pode financiar seu imóvel aqui em São Paulo. Imagino que as regras sirvam para o país inteiro. Essa é uma das razões para a nossa bolha imobiliária. Bolha? Explodirá quando chegar ao auge, danificando os sonhos financeiros de alguns? Fico feliz em saber que meu país vive um momento de tamanho otimismo, mas acho que existe sim um delírio imobiliário, e devemos tomar cuidado com isso, 30% em tão pouco tempo parece especulação de mercado financeiro. Dinheiro fácil corrompe, ilude, destrói. Recomendo os filmes com Michael Douglas sobre Wall Street, que mostram bem esse mundo, já falei deles por aqui, e penso muito nisso quando leio sobre o crescimento econômico do Brasil de agora. Não que aqui o crédito seja fácil, muito pelo contrário, a agiotagem é oficial, mas tem gente que deveria tomar mais cuidado. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

6 respostas para “Dubai, Wall Street, e São Paulo”

  1. oh! faz um puxadinho na casa da véia, e aproveita para diminuir sua gastança. the week toda seman doi no bolso ui!!!!

    1. Marcio, sabe que eu nem pago para ir a The Week? Sou Black. Quanto ao puxadinho na casa da veia, mande-me o telefone dela prometo considerar.
      Abs

  2. LC, recomendo a leitura da melhor reportagem sobre o delírio de Dubai, publicada originalmente no Independente e aqui no Brasil pela revista piauí.
    http://www.johannhari.com/2009/06/23/as-rachaduras-no-para-so-de-dubai

  3. Avatar de Derick Rocha
    Derick Rocha

    Oi Cavalcanti. Sou corretor de imóveis de uma das maiores imobiliárias da America Latina e Economista e na minha modesta opinião os preços estão apenas se ajustando à anos de demanda reprimida. O deficit imobiliário ainda é enorme e graças ao aumento de renda do brasileiro no geral, estabilidade economica e etc, a procura está cada vez maior, o que naturalmente pressiona os preços. Bolha aqui no Brasil na mminha opinião não tem a menor chance… A minha dica é aproveitar as boas oportunidades que ainda temos no mercado (só precisa selecionar bem), e fechar negócio o mais rápido possivel, pois com o mercado tão aquecido, não vejo nenhuma tendêndia de queda nos preços, muito pelo contrário. Caso precise de uma assessoria, será um prazer selecionar alguns bons imóveis para vc! Abraço, Rocha – 11 9263-9405

  4. Aqui no Rio não é diferente. E ainda tem o fator Olimpíadas. Os preços dispararam da noite pro dia desde que a cidade foi escolhida pra sediar os jogos. Está completamente fora da realidade. O pior é que tem quem pague (geralmente estrangeiros).

    1. Daniel, nós também vamos ter Copa aqui… Não tem para onde fugir. Abraço do LC

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