Meus caros, detesto voltar ao tema, ainda mais algo amargo como esse desastre japonês. As imagens e as notícias terríveis ainda estão na internet e na televisão, as perspectivas de piorar aumentam a cada momento, e eu fico cá pensando que nenhum cineasta jamais imaginou uma sequência de catástrofes como essa: terremoto, tsunami e acidente nuclear. Quando a realidade ganha da ficção cinematográfica, a coisa realmente é feia. O Washington Post, meu jornal favorito, maravilhosamente gerido e protegido pela coragem e impecável reputação de Katerina Graham, e os sites brasileiros, são claros: a ameaça de um desastre nuclear é real e iminente. Só muita sorte salvará o Japão de mais esse capítulo tenebroso.
Duas coisas me vêm à memória nesse momento: o filme Síndrome da China, com um ainda principiante Michael Douglas, Jane Fonda, e um maravilhoso Jack Lemmon, e as nossas próprias usinas nucleares em Angra dos Reis. O filme é de 1979, e mostra exatamente um incidente – sequer acidente foi – em uma usina de nome fictício. Pela primeira vez o mundo aprendia que usinas nucleares podem explodir, e causar um dano inimaginável à Terra. Pouco depois, um incidente semelhante na usina nuclear americana de Tree Miles Island tez todos eles se arrepiarem. É divertido ver os atores tão mais jovens, bota 32 anos aí, e alguns desses reatores que estão na iminência de explodir, no Japão, têm essa idade. Tudo aquilo nos parecia ficção de diretor criativo de Hollywood. Agora é impossível fugir da realidade que estamos vivendo.
E se vocês forem de carro, de Ubatuba ao Rio de Janeiro, ao chegarem a Angra, em certo momento da estrada darão de cara com nossas próprias usinas, Angra I e II. São tidos como modernas e seguras. Indago: serão? Tudo bem, o Brasil nunca sofreu com terremotos de magnitude significativa, e tsunamis são decorrência deles, mas, sem querer fazer terrorismo, fico cá elucubrando se deslizamentos de terra como aqueles que devastaram a própria cidade de Angra não podem expor a risco nossas sólidas centrais nucleares. Reparem que as (confiáveis) autoridades japonesas jamais imaginaram que viveriam o que estão vivendo hoje, portanto, permito-me questionar Sérgio Cabral, a Nuclebrás, e o Ministério de Minas e Energia, dando risada, dizendo que o Brasil passará ao largo disso tudo, que continuamos a ser o país do futuro, e etc. A única razão para que essas usinas existissem foi para garantir, ao Brasil, seu Programa Nuclear, que nos possibilitaria a construção de armas nucleares, etc. Tudo bem, vivíamos a Guerra Fria, nossos presidentes eram generais, e por aí seguem as explicações. Vamos continuar a torcer pelo melhor. Abraços do Cavalcanti.
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