Eduardo Ruiz é um homão. Alto, largo, ombrão, bração, e um coração também enorme. Durante muitos anos ele capitaneou um dos mais famosos e lotados bares de São Paulo, e do alto de seu metro e muito ele sempre impunha ordem e garantia uma ótima noite para todos nós. O que nem todos sabiam é que ele também era e é um grande dramaturgo, capaz de, com 5 minutos de prosa no bar, escanear tua pessoa e te compreender melhor que você e teu analista juntos. Ruiz foi uma figura legendária da noite paulistana, e faria muita falta se não tivesse finalmente migrado para outro cenário, este realmente à sua altura, o teatro, onde suas criações ganham vida, e seus personagens surgem no palco em situações às vezes assustadoras, às vezes lindas.
No universo do Ruiz dramaturgo, as famílias mais normais são puro Tennesse Williams, daquelas que você demora para entender o que ha de errado, e então vê o mundo desabar, e aí vai querer beber junto com os personagens, ou até mais do que eles. Novela das oito não chega nem perto. Se ele trouxer para o palco os malditos, ladrões, putas e afins, Jean Genet virará no túmulo de alegria. Edu mostra o lado carinhoso da mãe psicótica, a lógica das irmãs que se odeiam, e cobre de porrada o mais fraco sem pudor algum.
Em “Chorávamos Terra Ontem a Noite”, que ele escreveu e na qual também atua, ele vive um homem rude, brutal, que relembra o Kowalski de Marlon Brando, na montagem de “Um Bonde Chamado Desejo” em 1947. Dá até medo, mas se Gustavo Sol, de olhos lindos e que contracena maravilhosamente com ele, apanha, resiste e não foge, fique você quietinho em seu lugar. É tudo teatro, teatro em estado puro, dramaturgia de um requinte e sofisticação que poucos atores e diretores jamais serão capazes de atingir. Leitores queridos, não percam. Está no TUSP, Rua Maria Antonia 294, sábados às 21 horas, e domingos às 20h.
BARES PARA O SEU FINAL DE SEMANA
Meus Caros, tenho andado feliz ao notar um fenômeno em São Paulo, a bem da verdade nem tão recente assim, mas que vale a pena dividir com nosso amigos héteros, e mesmo com as bibas menos informadas: a volta dos bons bares noturnos. Chamo de “bons bares” aqueles lugares onde você não vai para comer e matar a fome, pois já jantou ou nem pensa nisso, e também não vai para dançar até o dia raiar. Para a comunidade gay estava em falta este lugar onde você se aquece antes da balada, toma seu drink, vê gente bonita, joga conversa fora, e pode até achar uma cara-metade e nem vai para a balada depois. Pois então Deus, ou sua equipe, isso não vem ao caso, finalmente ouviu nossas preces e nos abriu a Baixa Augusta, exatamente o que todos achávamos ser a boca do inferno. Estamos falando do quadrilátero entre a Frei Caneca (inteira), Consolação, Paulista e Caio Prado. Grande? Nem tanto.
Pois nessa região você vai encontrar bares de primeira, com música e bebida incontestáveis e, fundamental, gente bonita, gente gay e gente hétero misturados. Bons bares são procurados e cultuados por todo mundo, não importa a orientação sexual. Estou falando de lugares que, graças a Deus (olha ele aí de novo) não botam a bandeira do arco-íris na porta, não são bares gays, lá o que importa é o ambiente bacana e divertido. Com tantos atributos, e sem preconceitos por parte dos próprios bares, lógico que não é só o povo do sindicato, mas sim todo mundo que frequenta. E na Baixa Augusta, outrora boca do inferno e agora moderníssima e descolada, os gays são mais bem recebidos, isto é uma verdade incontestável. Portanto, lá você encontra um público gay e hétero realmente misturado. O que isso significa na prática? Que se você for um homem hétero interessante você pode ser cantado por um gay, e, se for, basta dizer não, obrigado, que está tudo resolvido, não dê coió que é o ó. Não tenha medo das bibas. Você também pode ver dois homens se beijando. Na boca. Se isso te escandalizar, saia do bar, pois você é que está no lugar errado.
Dicas de lugares? Pois aí vai: Sonique (Bela Cintra, 461); Volt (Haddock Lobo, 40); Vegas – que se torna uma boa balada depois de certa hora (Rua Augusta, 765); Z Carniceria (Rua Augusta, 934); Studio SP – uma bela casa de show, com música de vanguarda e público totalmente mix (Rua Augusta, 591). Se joguem e bom divertimento
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